Uma noite destas, vindo da cidade para o Engenho Novo, encontrei no trem da Central um rapaz aqui do bairro, que eu conheço de vista e de chapéu. Cumprimentou-me, sentou-se ao pé de mim, falou da lua e dos ministros, e acabou recitando-me versos. A viagem era curta, e os versos pode ser que não fossem inteiramente maus. Sucedeu, porém, que, como eu estava cansado, fechei os olhos três ou quatro vezes; tanto bastou para que ele interrompesse a leitura e metesse os versos no bolso.
- Continue, disse eu acordando.
- Já acabei, murmurou ele.
- São muito bonitos.
Vi-lhe fazer um gesto para tirá-los outra vez do bolso, mas não passou do gesto; estava amuado. No dia seguinte entrou a dizer de mim nomes feios, e acabou alcunhando-me Dom Casmurro. (...)
ASSIS, Machado de. Dom Casmurro. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2016.
1) Por que o trecho não pode ser considerado um exemplo da estética romântica? De que estética ele é representativo?
2) Qual é o recurso usado por Machado de Assis para falar da própria construção do livro Dom Casmurro, especificamente no capítulo “Do título”?
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1) Não pode ser considerado estética romântica pois o trecho não apresenta as características do gênero do romance.
Este trecho é de estética descritiva, onde o narrador fala sobre como o rapaz conhecido recitava alguns versos para ele na Central do Brasil, mesmo que o narrador acabasse caindo no sono enquanto ouvia os versos.
2) A obra de "Dom Casmurro" é uma retratação e uma visão de como o autor, Machado de Assis, assistia a o cenário da sociedade brasileira naquele período. Os recursos utilizados eram as temáticas envolvendo o ciúme e a questão do caráter.
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