Sociologia, perguntado por danni125danni125, 1 ano atrás

Um resumo sobre Capitalismo Internacional:suas crises e desenvolvimento

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Respondido por Nhaylaah
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Por Umberto Martins


Mas uma característica fundamental da crise é sua diversidade. Ela se manifesta de maneira diferente nos países e impulsiona, com isto, o processo de desenvolvimento desigual das nações, que já vinha se verificando anteriormente. 

Os estragos são bem maiores nos Estados Unidos, na Europa e no Japão do que na China e nos Brics. Dentro da Europa, a crise é generalizada, mas a situação da Grécia, elo mais frágil da cadeia imperialista, não é a mesma da Alemanha.

Ascensão da China

A indústria chinesa sofreu com a contração do mercado nos Estados Unidos e na Europa, em 2008. Muitas empresas faliram e milhões de operários foram demitidos. Mas a economia reagiu aos estímulos do Estado e se recuperou rapidamente, de modo que mesmo em 2009, quando o PIB mundial caiu 0,6% (os EUA recuaram 2,6%, a zona do euro 4% e o Japão 6,3%), a China cresceu 9,2%. Em 2010, mesmo com as economias europeia e norte-americana estagnadas, o país avançou 10,3% e ainda deve crescer mais de 9% este ano. 

O crescimento desigual não é de hoje. Ao longo das últimas décadas o PIB chinês progrediu em média cerca de 10% ao ano enquanto os EUA e outras potências ocidentais cresceram entre 2 e 3%. O resultado deste desenvolvimento desigual foi uma revolução silenciosa na geografia econômica mundial, com o deslocamento da produção industrial, e por extensão do poder econômico, do Ocidente para o Oriente e dos EUA para a China. 

Refletindo o avanço da indústria, nas condições de uma “economia de mercado socialista”, o país ocupa o primeiro lugar no ranking mundial das exportações, depois de superar a Alemanha e Estados Unidos. Acumula reservas superiores a 3 trilhões de dólares, as maiores do mundo e se transforma, por consquencia, num relevante investidor externo. É o maior credor dos EUA, onde aplicou parte substancial de suas reservas. 

Para um número crescente de nações da África, Ásia e América Latina as relações comerciais e financeiras com a China já são mais relevantes que o intercâmbio com os EUA e a Europa. 

Convergência das crises

A particularidade mais notável da crise econômica em curso reside em sua convergência com o declínio da importância relativa das grandes potências e dos Estados Unidos em especial, que reflete o esgotamento da ordem econômica e política mundial remanescente dos acordos de Bretton Woods, erigida de acordo com a realidade do capitalismo após a Segunda Guerra, na época em luta com o socialismo soviético.

Ao longo das últimas décadas, em sintonia com a globalização neoliberal e a desregulamentação do sistema financeiro, moldou-se um modelo de desenvolvimento mundial sustentado no excesso de consumo dos EUA e alguns países europeus, que alimentou a reprodução do capital em âmbito internacional e também contribuiu para a prosperidade chinesa. O déficit americano passou a ser financiado pela poupança asiática numa relação que chegou a ser caracterizada equivocadamente como uma perfeita simbiose.

Mas este padrão de reprodução do capital, fundado no crescente endividamento e na hipertrofia do sistema financeiro, entrou em crise e hoje parece insustentável. Os EUA não são mais a locomotiva do globo; as economias emergentes, lideradas pela China, já respondem por mais de 50% do crescimento da economia mundial.

Objetivamente, o mundo está mudando e demanda uma nova ordem internacional, uma nova moeda ou novas moedas e novas instituições. A transformação da geografia econômica de certa forma sugere uma transição neste sentido, mas a verdade, de resto evidente, é que o globo, em crise, ainda é prisioneiro da velha ordem, da liderança capenga e instável do dólar, do arbítrio dos EUA e da Otan e de governos submissos ao capital financeiro. A transição para uma nova ordem não se completará sem luta.

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