Português, perguntado por amandadamoeberle55, 11 meses atrás

um resumo do livro um amor sem palavras​

Soluções para a tarefa

Respondido por CrystalRed
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Resposta:

À primeira vista é apenas mais um livro infantil. E para crianças bem

pequenas, alguns concluirão, porque sem palavras. É um livro que conta uma

história só com imagens. Porque fica na seção infantil das livrarias corre o

risco de passar despercebido pelos adultos, da maioria dos adultos, mesmo

daqueles que são leitores. Os poucos felizardos serão aqueles que costumam

visitar a seção infantil das livrarias e bibliotecas, por serem pais, tios,

tias, madrinhas, padrinhos ou professores. Uma pena.

No entanto, é um livro de cunho universal, por três motivos:

Porque sem palavras – na verdade, só há uma

frase nas primeiras páginas, identificando o Mestre Guardião das três palavras

mágicas. Pode ser “lido” por todos, letrados ou não, por não necessitar de um

trabalho extenso de tradução. A sua linguagem é esta que tem estado em voga nos

séculos XX e XXI - a imagem - primeiro (se pensarmos nos desenhos nas cavernas)

e último meio de expressão humana.

O tema – o amor romântico - que permeia em menor

ou maior medida a vida de todo ser humano.

Põe em discussão o papel da literatura em nossas

vidas.

Trata-se do amor muito celebrado na Idade Média e que ainda hoje está

presente em um grande número de narrativas, coexistindo ou contrapondo com

outros movimentos narrativos e outras concepções do amor - é o amor cortês.

Engana-se quem pensa que os valores existentes no modelo de amor cortês é

coisa do passado, ele continua a ser celebrado ou questionado. Em procurando

firme, de Ruth Rocha, a heroína rompe com o modelo de mulher ideal e recatada a

esperar marido e vai procurar outro modelo de mulher. Já em Ivanhoé, clássico

inglês de sir Walter Scott, há dois modelos de mulher, a que não mede esforços

pelo homem que ama e a passiva, branca e bela, que assiste a todas as agruras

do amado sem se mover para nada. E que, como é senhora, de família nobre, é

quem fica com o herói. Nas telinhas, em O diário de Brigitte Jones, a heroína

decide parar de esperar marido e sai à caça. Este questionar não é de agora. Já

no século XIX, em

Eugene Grandet, Balsac, escritor francês, apresenta-nos a

moça que dá título ao livro, não tão bela, mas rica e honrada, a esperar pelo

primo amado, que a esquece por outra ainda mais rica e com título de nobreza.

Mas que modelo de mulher presente no amor cortês é esse, que é ora

validado, ora questionado? Oriundo do pensamento platônico, ele tem uma

concepção de amor elevado, que se quer casto, que se reserva àqueles que se

sacrificam por ele. O homem parte em busca de experiências capazes de lapidar nele

valores como a coragem, a força, a honradez, a lealdade aos princípios e à palavra dada. À mulher cabe esperar pelo amado mantendo-se casta e fiel.

Como um oráculo, a quem só os iniciados têm acesso a seus presságios,

esse livro passará despercebido de muitos professores – os responsáveis pela

formação leitora das crianças e jovens - e outros cujas aulas de literatura que

tenham tido tenham sido mais expositivas e menos de fruição e reflexão sobre os

modos de representação do homem e do mundo presentes na produção literária ao

longo dos tempos, sobre os modos de se cantar o amor e a vida em todo o

percurso da literatura. E assim, as crianças perderão a oportunidade de terem

um primeiro contato mais orientado e consciente sobre os temas e estilos

literários presentes nos livros que lêem.

No decorrer das páginas, vê-se um nobre em busca das três palavras

mágicas. Essas são conquistadas por ele uma a uma, à medida que vai vencendo

obstáculos e distâncias.

Para o ideal cortês, o amor é algo a ser conquistado e merecido, algo

reservado àqueles dispostos a se sacrificar por ele. A amada que é linda, casta

e bela pouco age na narrativa, a não ser esperar pelo amado.

Esse modelo de mulher passiva, repudiado pelo movimento feminista, é

ainda acalentado por muitas mulheres: um homem decidido, honrado, correto, que

tem certeza do que sente e é fiel a esse sentimento por ela, que venha

resgatá-la da solidão.

Para aqueles, ainda que não

familiarizados com as características do amor cortês, o livro é imprescindível,

vale pela beleza das ilustrações, dos traços, do manuseio consciente das cores,

ora claras e luminosas, ora escuras e sombrias, de acordo com os momentos

vividos pelo personagem. Não é assim a vida? Não dá para não ler porque coloca diante do homem, da mulher do jovem e da criança a necessidade de posicionarem-se, cedo ou mais tarde, quanto a escolha de como irão amar.

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