Português, perguntado por JoaoFelipeEpicSlip, 10 meses atrás

Um dos maiores desafetos de Gregório de Matos era o governador da Bahia, Antônio Luís da Câmara Coutinho. O poeta dispara o mais puro sarcasmo sem poupar palavras de baixo nível para abominar aquele que considera a personificação da hipocrisia e da desonestidade. Não podendo atacá-lo fisicamente, o que parece ser o verdadeiro desejo do Gregório tenta atingi-lo com uma linguagem penetrante e ferina. Em qual estrofe do soneto "A cidade da Bahia" o poeta deixa isso transparecer? Justifique

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Respondido por valterluiz511
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Resposta:

O poeta baiano Gregório de Matos Guerra teve uma vida tão inquietante quanto sua poética. Filho de senhor de engenho, estudou no Colégio dos Jesuítas, em Salvador e, se formou em Direito na Universidade de Coimbra, em Portugal. Lá, ele se casou, mas ficou viúvo após quatro anos de casamento. Desempenhava a função de juiz, quando foi nomeado para Desembargador da Relação Eclesiástica da Bahia, um cargo burocrático da época. Gregório então retornou ao Brasil depois de 32 anos em Portugal. Mas não durou muito no cargo, ele se recusava a seguir as normas da Ordem, inclusive, não aceitava usar batina. A partir daí teria começado sua fama de poeta satírico. Como meio de vida passou a advogar, mas escolhia as causas que lhe pareciam justas e isso o levava a ter como pagamento sapatos ou galinhas.

Casou-se com Maria de Póvoas (ou dos Povos), sem conseguir compor uma prole com ela: seu filho Gonzalo, morreu precocemente, a exemplo do filho que tivera com Michaela, sua primeira esposa. Para Maria dos Povos ele compôs belos sonetos, isso não o impediu, contudo, de levar fama de mulherengo, numa suposta vida de boêmia e pândegas.

A decadência de Gregório veio em 1685, quando foi denunciado para o Tribunal do Santo Ofício. A acusação? “ homem solto sem modo de cristão”. Gregório conseguiu livrar-se da demanda, mas seus poemas satíricos contra o governador da Bahia, Luís Câmara Coutinho, trouxeram-lhe muitas complicações. Ameaçado de morte pelos filhos do governador, seus amigos influentes arranjaram-lhe um exílio forçado em Angola, na tentativa de poupá-lo da morte.

Na África, ele ajudou na prisão de líderes de uma revolta contra a Coroa. Graças a isso, foi-lhe concedido o direito de voltar ao Brasil, porém sob a condição de jamais botar os pés na terra natal, a Bahia. Em decorrência, ele foi para Recife, onde faleceu aos 59 anos de uma febre amarela contraída em Angola.

Seu apelido “Boca do Inferno”, revela seu espírito inquieto e rebelde. Através de sua “lira maledicente”, ele denunciava toda sorte de abusos e de hipocrisia da sociedade brasileira do século XVII.


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