Português, perguntado por DehCriss, 1 ano atrás

UEM, 2007, adaptado)
O latim nosso do dia a dia
Maria Helena de Moura Neves

O ensejo para esta reflexão é conjuntural: a recomendação do papa Bento 16 sobre o uso do latim no rito das missas católicas, pelo menos das internacionais.
Trata-se de um fato pontual, sem influência e sem reflexos como “sobrevida” do latim nos nossos tempos e na nossa vida ou como incremento de seu cultivo, ensino e entendimento, já que linguagem ritual é quase código cifrado, mágico, especialmente se em língua estranha à da comunidade participante.
Sempre tive a consciência de que me beneficiei muito de meus árduos (e amados) estudos de latim quando enveredei pelo trabalho com a linguagem.
Vem a pergunta: é preciso saber latim?
Na defesa da manutenção – ou da ressurreição – do estudo do latim, sempre se invocou o que essa língua (...) representaria para o desenvolvimento do raciocínio, da reflexão. Não vou por aí, que seria minimizar e artificializar o significado da empreitada.
Assim como não faz sentido colocar as atividades de aquisição do latim como importantes para o acompanhamento de um ritual (a não ser para os profissionais do culto ritualizado, que, na verdade, é o que o papa quer), não faz sentido defender essas atividades simplesmente como instrumentos para o desenvolvimento do raciocínio ou da reflexão, por se tratar de uma língua com casos.
Obviamente, a cada língua que o indivíduo adquire, ele terá passado por uma experiência reflexiva enriquecedora, mas nunca se poderia dizer que é para isso que alguém se põe a estudar outra língua.
Ao ensejo dessa medida papal (...), o que me vem à mente é, exatamente, a falta que está fazendo o conhecimento do latim a um grupo que nada tem de fechado – o dos profissionais da linguagem (e são tantos, “lato sensu”!), aí incluídos, destacadamente, os profissionais de português.
Fique claro que, para saber português, não é preciso saber latim, pois cada falante criado com uma comunidade é competente na língua dessa comunidade.
Mas, para refletir sobre o comportamento das peças e dos processos de funcionamento de uma língua (especialmente de uma língua neolatina, como é a nossa), muita luz se obtém nesse conhecimento.
Quem tem de falar sobre sua língua e levar outros (alunos, leitores) a considerá-la reflexivamente com certeza encontrará, no que estiver na origem dela, nas suas raízes de significação, muito subsídio de compreensão e de explicação.
Eu diria que o argumento mais forte vai exatamente no sentido contrário do geralmente invocado. Vai no sentido da fuga do encapsulamento de um grupo particular, fechado em si, especialmente neste mundo globalizado, plurilíngue.
Convido os leitores a pensar se não é interessante ter instrumentos para (...) poder entender toda essa história do termo mídia, por exemplo, que alguns adoram, outros abominam, e a maioria nem sabe por quê.
No mundo globalizado, a aldeia de cada um, por mais coretos e poéticos riachos que tenha, é sempre uma aldeia global.
E, quem diria, a modernidade pede tradição, evidenciando o ciclo que constrói o saber humano.
Adaptação do texto da Folha de S. Paulo, 18 de março de 2007. Mais!, p. 3.

Segundo a autora, o argumento principal para o estudo da língua latina se deve


A- à necessidade de compreender o funcionamento de línguas neolatinas.

B- à exigência de manutenção da tradição linguística.

C- à necessidade de desenvolvimento do raciocínio e da reflexão linguística.

D- à existência de expressões latinas remanescentes na língua portuguesa.

E- à necessidade de abertura de um grupo específico em face à globalização.

Soluções para a tarefa

Respondido por MarFlorencia
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E- à necessidade de abertura de um grupo específico em face à globalização.

belakawaii: Correta
paulavinia: correto
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