Trabalho e necessidades nas sociedades tribais Sociedades como estas (tribais) que estamos considerando não têm as nossas razões para trabalhar – se é que entre elas se encontre algo parecido com o que faz o burocrata na repartição ou o operário na fábrica, comandados pelos administradores, pela linha de montagem, pelo relógio de ponto, pelo salário no fim do mês. “Trabalham” para viver, para prover às festas, para presentear. Mas nunca mais que o estritamente necessário: a labuta não é um valor em si, não é algo que tem preço, que se oferece num mercado; não se opõe ao lazer, dele não se separando cronologicamente (“hora de trabalhar, trabalhar”); não acontece em lugar especial, nem se desvincula das demais atividades sociais (parentesco, magia, religião, política, educação...). Sempre que se pareçam com o que chamamos “trabalho”, tais atividades são imediatamente detestadas. Aliás, no fundo, no fundo, não o são também entre nós?De vez em quando se trabalha um pouco mais que o necessário à satisfação do “consumo” regular. Mas com maior frequência, dentro do tempo normal de “trabalho”, se produz algo que transborde o necessário. Esta é, em geral, a parte das solenidades, das festas, dos rituais, dos presentes, das destruições ostentatórias, das manifestações políticas, da hospitalidade... e o significado desse algo mais nunca é acumular, investir. Há aí, portanto, uma grande diferença em relação à nossa atitude oficial para com o trabalho. Mas não há, ao mesmo tempo, algo que intimamente invejemos? Algo com coloração de sonho, para nós, que mais ou menos reservadamente trabalhamos de olho na saída, no fim de semana, no feriado prolongado, nas férias, na aposentadoria?RODRIGUES, José Carlos. Antropologia e comunicação: princípios radicais. Rio de Janeiro: Espaço e Tempo, 1989. p. 101. Após a leitura do texto, procure responder às questões que o próprio autor formula. *
Soluções para a tarefa
O texto tem um profundo diálogo com a antropologia que pode ser entendida como o estudo que analisa os diferentes grupos, interpretando seus valores, costumes, experiências e formas de convivência.
A evolução da antropologia colocou por terra as visões etnocêntricas nos afirmando como sociedades e grupos plurais, não devendo sobrepor uma cultura sobre a outra.
A questão chave da antropologia é a busca por melhores condições de analisar as linguagens, códigos, crenças, valores de um grupo, compartilhando com as demais ciências humanas, como a sociologia, história etc, dados pertinentes para fundamentar a pesquisa de trabalhos futuros.
Explicação:
perguntas encontradas no final do texto, e a resposta embaixo.
Pergunta 1 • “Sempre que se pareçam com o que chamamos “trabalho”, tais atividades são imediatamente detestadas. Aliás, no fundo, não o são também entre nós?”
Se houver liberdade de escolha, se você faz o que gosta dificilmente detestará mesmo que isso as vezes te aborreça.
Pergunta 2 • “Mas não há, ao mesmo tempo, algo que intimamente invejamos?”
Sim, “Invejamos” aqueles que trabalham menos e ganham mais.
Pergunta 3 • “Algo com coloração de sonho, para nós, que mais ou menos, reservadamente trabalhamos de olho na hora da saída, no fim de semana, no feriado prolongado, nas férias, na aposentadoria?”
Iniciamos o dia, na maioria das vezes, pensando no fim, na hora de ir embora, não vemos a hora de termos o merecido descanso por todos os anos trabalhados de nossas vidas e contamos os anos que falta para a aposentadoria.