Texto para a questão Surdez moral Precisamos deixar de ser surdos aos gritos do povo nas esquinas ou no campo. Compreender o que dizem as crianças pedindo esmolas na esquina, driblando carros, no horário em que deveriam estar na escola. Dentro de nossos carros, passamos por essas crianças tão insensíveis quanto uma pessoa surda ao lado de alguém aos gritos. Não ouvimos e não entendemos a fome, a insegurança e o medo frente às ameaças da rua, da noite, do dia seguinte, do futuro imprevisível. Não escutamos o grito que mostra o triste futuro de uma nação impassível frente às necessidades de suas crianças. Não tomamos conhecimento dos berros de quase dois milhões de crianças brasileiras em idade escolar que nem sequer entraram na escola; ou de milhões de outras crianças que serão matriculadas mais para fugir da fome comendo merenda do que para sair da ignorância aprendendo letras. Não percebemos que o futuro do País está gritando, nossa surdez matando o destino de todo o País. Somos todos portadores de uma triste e profunda deficiência auditiva diante das necessidades dos pobres. Passamos por corpos dormindo nas calçadas sem ouvir a injustiça que eles gritam. Somos incapazes de perceber a fome daqueles corpos na imobilidade das noites de frio, o desespero da falta de uma casa, a falta de perspectiva. Não vemos o desperdício de futuro por falta de investimento nas pessoas. Não reagimos ante os gritos assustadores das pessoas que chegam aos hospitais sem leitos para parentes doentes. Somos surdos para mães e pais barrados nas portas dos hospitais, com os filhos nos braços, sabendo que atrás da porta há condições de salvar-lhe a vida. De dentro dos carros fechados, com o ar condicionado ligado, não ouvimos o que dizem os olhos e os corpos de homens e mulheres que esperam o ônibus com horário imprevisível, enquanto seus filhos esperam trancados em casa. Não ouvimos o que dizem os olhos analfabetos querendo adivinhar o trajeto do ônibus, ou o endereço dos anúncios de emprego, ou o nome do remédio que lhe prescreveram. Não ouvimos o estômago dos que não têm o que comer. Porque somos surdos para os problemas da pobreza. Dentro de nossos carros, passamos por essas crianças tão insensíveis quanto uma pessoa surda ao lado de alguém aos gritos. Caso desejássemos alterar a conjunção em destaque, sem que houvesse alteração de sentido, poderíamos substituí-la por:
A Que
B Pois
C Como
D Embora
E Conforme
ClaraMeneguit:
Letra c
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Resposta:
A resposta é a letra C
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