Português, perguntado por Usuário anônimo, 9 meses atrás

TEXTO I

Por que tinham feito aquilo? Era o que não podia saber. Pessoa de bons costumes, sim senhor, nunca fora preso. De repente um fuzuê sem motivo. Achava-se tão perturbado que nem acreditava naquela desgraça. Tinham-lhe caído todos em cima, de supetão, como uns condenados. Assim um homem não podia resistir.

— Bem, bem.

Passou as mãos nas costas e no peito, sentiu-se moído, os olhos azulados brilharam como olhos de gato. Tinham-no realmente surrado e prendido. Mas era um caso tão esquisito que instantes depois balançava a cabeça, duvidando, apesar das machucaduras.

TEXTO II

Já me haviam feito andar em três Estados e conhecer cinco prisões. Novas mudanças arbitrárias, inexplicáveis, chegariam. Via-me submetido a cegos caprichos de inimigos ferozes, irresponsáveis, causadores de males inúteis. Essas trapalhadas obedeciam certamente a um plano; em vão me esforçava por entendê-las e propendia a julgá-las estúpidas. Sem dúvida tencionavam provar-nos que eram fortes, podiam fazer conosco um jogo de gato com rato. Ao mesmo tempo, em notas oficiais e em discursos badalados no Congresso, tentavam abafar tênues rumores, notícias vagas de maus tratos.


Considerando o contexto que serviu de pano de fundo para a produção de Vidas secas e Memórias do cárcere, os fragmentos apresentados relacionam-se na medida em que

A
defendem ideias opostas, uma vez que uma obra é autobiográfica e outra ficcional.

B
argumentam a favor do regime vigente através de personagens exageradamente vitimizadas.

C
defendem de forma velada o recrudescimento do autoritarismo getulista, marca do Estado Novo.

D
utilizam metáforas para se referir ao momento político, recurso muito explorado nas obras neorrealistas.

E
criticam a repressão do Estado e seu respectivo abuso de poder expondo o encarceramento desmotivado como prática.

Soluções para a tarefa

Respondido por brendaisis
4

Letra e.

Pode-se notar, por intermédio da leitura e análise de ambos os textos uma evidente crítica ao processo no qual o estado lida com os cidadãos que apresentam menores poderes financeiros.

Por diversas vezes, a ausência de um poder que possa analisar as relações existentes entre o estado e tais indivíduos gera um verdadeiro abuso, caracterizado por maus tratos, por humilhações e por encarceramentos desmotivados.

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