TEXTO I Fui ver pretos na cidade Que quisessem se alugar. Falei com esta humildade: – Negros, querem trabalhar? Olharam de soslaio, E um deles, feio, cambaio, Respondeu-me arfando o peito: – Negro, não há mais, não: Nós tudo hoje é cidadão O branco que vá pro eito. O Monitor Campista, 10 mar. 1888. TEXTO II Nasci na Angola, congo que me criou Eu sou lá de Moçambique Sou negro sim, senhor Lê, lê, lê, lê, lê... Pobre do negro Do branco fui judiado Prometeram tanta coisa Pro negro não deram nada Lê, lê, lê... O que é que faz o negro Na fazenda do Senhor O senhor mandou embora Por que é que negro voltou? Lê, lê, lê, lê... Letra de Jongo transcrita por Lídia Meirelles, 1998. RIOS, A.L. e MATTOS, H . Memórias do Cativeiro, família, trabalho e cidadania no pós-abolição. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2005. A contraposição de um poema satírico, escrito no contexto da abolição, aos versos de uma das quadras de
Soluções para a tarefa
Questão completa:
A contraposição entre um poema satírico, escrito no contexto da abolição, aos versos de uma das quadras de jongo cantadas hoje nas comunidades negras, deixa transparecer as transformações em curso neste processo, dentre as quais podemos destacar que:
(a) para a comunidade negra a cidadania jamais foi negada a si e aos seus descendentes, tendo sido obtida pelos ex-escravos tão logo a abolição fora decretada;
(b) nos países de passado escravocrata, como o Brasil, o preconceito racial tornou-se um importante incentivo favorável à política de integração étnica;
(c) os grupos negros foram, desde a abolição, responsáveis pela deterioração econômica do país, agravada pela radicalização nacionalista apesar das medidas populares dos governos recentes;
(d) a abolição da escravidão não significou o acesso à cidadania por parte dos negros, na medida em que
permaneceram marginalizados quanto às possibilidades econômicas e políticas;
(e) os problemas ligados à escravidão se atenuaram ao longo do século XX, quando a inclusão social dos
negros suprimiu conflitos e estabeleceu a “democracia racial” no Brasil.
Resposta:
Letra d. Isso porque apesar de efetiva, na teoria, a abolição da escravidão, sabe-se que na prática a realidade é tomada por negros que permanecem eum um processo de marginalização e pela presença de um evidente racismo estrutural.
Além disso, pode-se afirmar que as possibilidades, tanto econômicas quando políticas são extremamente restritas, indicando uma população que precisa necessariamente de medidas tomadas por poderes governamentais.