TEXTO I
“D. Sebastião etc. Faço saber aos que esta lei virem [...] Defendo e mando que daqui em diante se não use nas ditas partes do Brasil, dos modos que se até ora usou em fazer cativos os ditos gentios, nem se possam cativar por modo nem maneira alguma, salvo aqueles que forem tomados em guerra justa que os portugueses fizerem aos ditos gentios, com autoridade e licença minha, ou do meu Governador das ditas partes; ou aqueles que costumam saltear os portugueses, ou a outros gentios para os comerem; assim como são os que se chamam Aimorés, e outros semelhantes.”
(Varnhagen, F. A. de. Lei sobre a liberdade dos gentios, Évora, 20.03.1570. in: História Geral do Brasi, São Paulo, Melhoramentos, 1975 (1857-60), tomo I, p. 345)
TEXTO II
“A colonização levou à exploração do trabalho indígena e foi responsável por muita dizimação. É ainda na conta da colonização que se deve pôr o recrudescimento das guerras indígenas, que, se já existiam internamente, eram agora provocadas também pelos colonos, os quais faziam aliados na mesma velocidade com que criavam inimigos. Havia nesse contexto índios aldeados e aliados dos portugueses e índios inimigos espalhados pelos ‘sertões’. A diferença entre 'índios amigos’ e ‘gentios bravos’ gerava por sua vez uma divisão clara na legislação indigenista.”
(SCHWARCZ, L. M.; STARLING, H. M. M. Brasil: uma biografia. 1a. São Paulo, Brazil: Companhia das Letras, 2015, p. 40–41)
A correta diferenciação entre 'índios amigos’ e ‘gentios bravos’ na colônia brasileira em meio aos séculos XVI e XVII se dá pela percepção de que:
a) “índios amigos” eram servos catequizados, e os “gentios bravos” eram indígenas hostis, escravizados sob o argumento da “guerra justa”.
b) “índios amigos” eram escravizados pela lei da “guerra justa”, e “gentios bravos” aceitavam realizar trabalhos por um salário.
c) “gentios bravos” eram guerreiros que auxiliavam os portugueses, e os “índios amigos” faziam trabalhos domésticos por amizade aos portugueses.
d) “índios amigos” eram aliados não catequizados dos portugueses, e “gentios bravos” adaptaram suas práticas antropofágicas à fé cristã.
e) “índios amigos” eram antropófagos hostis, e os “gentios bravos” eram grupos que carregavam doenças desconhecidas e perigosas para portugueses.
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Soluções para a tarefa
A resposta correta é alternativa “a”, os “índios amigos” deveriam aceitar a catequização e assumir a função de sustentar e defender os portugueses, ao passo que os “gentios bravos” eram grupos apontados como rebeldes e violentos, associados à prática da antropofagia, e poderiam ser destruídos com apoio legal da Coroa, sob o argumento da “guerra justa”.
Em relação às outras alternativas:
b) INCORRETO: conhecidos também como “negros da terra”, somente os “gentios bravos” podiam ser escravizados com o apoio da lei de "guerra justa”. Além disso, jamais houve no Brasil uma relação de trabalho remunerado com grupos indígenas não submetidos ao poder colonial.
c) INCORRETO: apesar de temidos por seu poder de batalha no interior das matas, os “gentios bravos” eram adversários dos portugueses. Ademais, os “índios amigos” poderiam até ser utilizados para o trabalho doméstico, mas sempre por imposição, e não vontade própria.
d) INCORRETO: aceitar a catequização era uma imposição dos portugueses para não enquadrar uma tribo sob a lei da “guerra justa”. A ideia de indígenas hostis que tivessem aceitado a fé cristã para adaptá-la às práticas antropofágicas é, por si só, absurda.
e) INCORRETO: A antropofagia (ato ritualístico de comer carne humana) era considerada uma das condições que permitiram aos portugueses declararem “guerra justa” contra uma tribo de “gentios bravos”. Ademais, devido à barreira biológica que havia entre as populações, os portugueses foram responsáveis por trazer uma série de enfermidades que massacraram milhões de indígenas, e não o contrário.
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A alternativa correta com relação aos índios amigos e gentios bravos é a letra a) “índios amigos” eram servos catequizados, e os “gentios bravos” eram indígenas hostis, escravizados sob o argumento da “guerra justa”.
No contexto do Brasil colonial tem-se que os "índios amigos" era aqueles que aceitavam o processo de catequização, já no caso dos "gentios bravos" refere-se aos nativos violentos que não aceitavam as imposições portuguesas.
Dentro desse período existia o argumento da "guerra justa" onde os "gentios bravos" poderiam ser mortos ou escravizados com o apoio da coroa portuguesa, já que além de violentes e rebeldes eles eram associados à prática da antropofagia.
Somente os "gentios bravos" poderiam ser escravizados sob a justificativa da "guerra justa", nunca houve no Brasil uma relação de trabalho assalariado com os indígenas, o trabalho realizado era sempre por imposição dos portugueses.
Para mais informações sobre o Brasil Colonial, acesse: brainly.com.br/tarefa/18069941
Espero ter ajudado, bons estudos e um abraço!