Química, perguntado por julyadavyllad, 8 meses atrás

texto falando sobre o carnaval em meio a pandemia .​

Soluções para a tarefa

Respondido por sabrina125353
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Explicação:

portas de um fevereiro em que não haverá Carnaval. Como começar 2021 sem realizar, por meio da folia carnavalesca, a catarse de um ano de tantas provações? Dadas as inquestionavelmente necessárias medidas sanitárias que buscam conter a epidemia da COVID, responsáveis pelo adiamento do próximo Carnaval, carecia pensar num percurso que buscasse sublimar a catarse carnavalesca, vivendo-a no plano da imaginação. Daí a presença da literatura, histórica remediadora de nossos males, passaporte a diversos tempos e espaços – dos que existiram empiricamente àqueles que foram inventados ao longo dos séculos. E, depois dela, do cinema, da música...

Na ausência empírica do festejo, fizemos uma viagem pelos carnavais de outrora, a partir de um conjunto de manifestações culturais a eles relacionadas. Escolhemos como recorte geográfico o Brasil do Império à Quarta República, porém, procuramos estender nossos olhos também à história pregressa do carnaval, dos popularíssimos festejos ocorridos na Europa da Idade Média – a mera tolerância da Igreja àqueles dias de inversão e riso que antecediam a reclusão da Quaresma – à antiguidade grega, encontrando liames entre o carnaval e os desvarios báquicos eternizados pelos trágicos.

Já no Brasil monárquico e escravocrata e, em seguida, submetido a sucessivas ditaduras republicanas, o Carnaval forja historicamente palcos de luta: dos cucumbis de negros trajados de índios que clamavam pela liberdade em fevereiro de 1888, virando do avesso as definições de nacionalidade forjadas por José de Alencar; ao erotismo que emergia entre jovens de ambos os sexos que se incumbiam de pespegar limões de cheiro uns nos outros, no moralista Rio de Janeiro dos anos de 1870; às críticas sociais encenadas nos carros das ricas Sociedades Carnavalescas dos anos de 1900; e, enfim, à emergência das Escolas de Samba, oriundas das camadas espoliadas da sociedade, agora protagonistas.

Juntos, vivemos, ao longo desta Oficina, os Carnavais cantados ou sonhados por gente como Arthur Azevedo, João do Rio, Manuel Bandeira, Mário de Andrade, Carlos Drummond de Andrade e Vinícius de Moraes. A oficina apresentava como missão aos participantes a escrita de crônicas – gênero textual cujo objetivo é discorrer sobre os assuntos do dia, sem deixar de lado seu caráter de invenção –, tendo como fontes de inspiração as obras lidas e discutidas na oficina.

Que todos vivam esses Carnavais que agora lhes apresentamos, enquanto não podemos experimentar a Festa em comunidade, roubando pelas ruas os beijos aos quais Anderson alude em seu libelo. E que possamos logo, saudáveis, vacinados, vivos, (re)viver na pele as deliciosas folias carnavalescas.

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