Português, perguntado por songanddanceofc, 7 meses atrás

Texto em 3° pessoa sobre preconceito musical​

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Respondido por ferrim424
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Resposta:

Há um tipo de discriminação tão difundido quanto ignorado até mesmo por gente que milita com unhas e dentes para combater o racismo, machismo, homofobia, misoginia e outros tantos tipos de preconceito.

Julgar uma pessoa pelo tipo de música que ela ouve se tornou um direito supremo de quem se coloca acima do bem e do mal por haver decretado, em seu minúsculo universo particular, qual gênero musical tem valor — o restante, claro, é lixo.

Existem, obviamente, visões do tipo: Roqueiro? Maconheiro barra pesada. Curte reggae? Maconheiro da paz. Nerdcore? Alternativo hipster — que pode ser maconheiro também, dependendo do grau de abstração de seu respectivo inquisidor. Mas o fato é que as vítimas recorrentes do preconceito musical são aquelas pessoas, geralmente mais pobres ou de origem humilde, que escutam funk, pagode, axé e sertanejo, do brega ao universitário, gêneros tão brasileiros como a celebrada MPB.

Afinal, quem ou o que define uma boa música senão os ouvidos de quem a escuta? Devo ter perdido o bonde da história em que a nata de especialistas instituiu, do alto de suas percepções auditivas apuradas, um padrão de boa música ao melhor estilo “99% lixo, malfeito, mas aquele 1%…”

Para muitos musicólogos, um “som péssima qualidade” é simplesmente aquilo que eles não escutam. Aquilo que não é capaz de ultrapassar as barreiras de sua bolha social. Um pensamento que reflete o de boa parte de uma classe elitista não somente pelo poder econômico, mas pela certeza de que tudo o que foge às suas questionáveis — e preconceituosas — convicções de mundo é desprezível, menor e insignificante.

Muita gente acredita, de fato, que um sujeito que curte sertanejo tal qual um beatlemaníaco aprecia “Abbey Road” ou “Let It Be” sem se dar conta do passar das horas não tem caráter. Faria sentido se os engravatados atolados em denúncias de desvio de dinheiro público estivessem ouvindo Mr. Catra ou Exaltasamba, e não a 5ª Sinfonia de Beethoven, no momento em que a Polícia Federal batia em suas portas. Não custa lembrar que o exímio e ilibado deputado Eduardo Cunha é fã de Led Zeppelin…

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