História, perguntado por Araujomila6543, 1 ano atrás

texto 1

[...] Depois de várias tentativas consideradas “heterodoxas” de combate à inflação, no final da década de 80 começava a se desenhar para o país um cenário similar ao dos outros países da região – a adesão ao neoliberalismo. [...] O primeiro projeto neoliberal coerente foi posto em prática por Fernando Collor de Mello, eleito presidente em 1989, porém afastado depois pelo Congresso, por corrupção, em 1992, deixando interrompido o processo de abertura da economia, de privatização, de diminuição do tamanho do Estado e de desregula- ção econômica – pilares do Consenso de Washington. Fernando Henrique Cardoso, primeiro como ministro da Economia do vice-presidente de Collor de Mello – Itamar Franco – e depois como presidente eleito, em 1994, retomaria esse projeto, dando-lhe novo formato – o de combate à inflação, como modalidade latino-americana do projeto neoliberal de ataque aos gastos estatais como suposta raiz da estagnação e do atraso econômico. [...] Um balanço sintético das transformações vividas pelo Brasil na década de 90, e especialmente durante o governo Cardoso, pode ser resumido em dois aspectos centrais: a financeirização da economia e a precarização das relações de trabalho. A modalidade adotada de estabilização monetária, como foi dito, centrada na atração de capitais financeiros para os papéis da dívida pública, promoveu esse capital a um papel hegemônico na economia. As campanhas de Cardoso foram prioritariamente financiadas pelos maiores bancos brasileiros, o sistema bancário foi o beneficiário do único plano – milionário – de salvação econômica e, principalmente, os serviços da dívida pública consomem mais do que 100 bilhões de reais por ano. [...] Esses dois grandes fenômenos – a financeirização da economia e a precarização do mundo do trabalho, com todos os seus desdobramentos – sintetizam a pesada herança deixada por Cardoso para seus sucessores. Uma herança que, além de econômica e social, também se reflete no campo político. [...]

texto 2

Na véspera dos dez anos de implantação do real, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso rebateu as críticas à adoção da moeda. “Não era função do real [a moeda] garantir crescimento, gerar empregos [...]. Isso é função da política econômica”, disse ontem em São Paulo [...]. “A herança [do Real] foi a moeda estável.” Em palestra de cerca de 40 minutos, o ex-presidente rebateu também os ataques a respeito da duração da manutenção do câmbio fixo. “O câmbio ficou [fixo] porque tínhamos medo de mudar e de a inflação voltar”, declarou, ao argumentar que não houve “intenção eleitoreira” na manutenção do câmbio fixo. O real sofreu forte desvalorização em janeiro de 1999, primeiro ano do segundo mandato de FHC. Ao fazer um balanço dos dez anos do Plano Real, FHC enfatizou que o controle da inflação em patamares baixos eliminou a “fumaça” que impedia que fossem vistos os problemas que afligiam as camadas sociais mais baixas. Em uníssono com Fernando Henrique, o ex-ministro da Fazenda Pedro Malan também reiterou que o objetivo do Plano Real era combater a taxa de inflação “alta e crônica” e rebaixá-la para níveis “civilizados”. E nisso, disse, o Real foi “extraordinariamente bem-sucedido”. Malan declarou que era “exigir demais do real” que ele conseguisse diminuir as desigualdades sociais e promovesse o crescimento. “O real não foi lançado para resolver todos os problemas do Brasil.” [...]

a) De que forma o texto 1 compara o governo FHC com o governo de Collor? b) Quais são as duas grandes transformações ocorridas durante a década de 1990, especialmente no governo FHC, na opinião do autor do texto 1? Elas são consideradas mudanças positivas? c) No texto 2, Fernando Henrique Cardoso, em uma entrevista, procura valorizar o Plano Real. A partir da fala do ex-presidente, que possíveis críticas esse Plano recebeu? Como ele se defende delas? d) Compare a opinião do autor do texto 1, Emir Sader, com as falas de FHC e Pedro Malan, presentes no texto 2. Elabore um diálogo imaginário entre os três sobre o Plano Real e o governo FHC, utilizando os argumentos expostos por eles nos textos.

Soluções para a tarefa

Respondido por anapbertho
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Olá,

a) O texto 1 coloca o governo de FHC como aquele em que houve a modernização da economia. Devemos lembrar que o governo Collor foi marcado pela crise política advinda de seu impeachment. O governo de FHC, que durou 8 anos, foi responsável por estabilizar economicamente o Brasil.

b) Para o autor, as duas grandes transformações dos anos 1990 vindas do governo de FHC foi o neoliberalismo (quando o Estado privatizou empresas estatais a fim de cortar gastos) e a consequente financeirização da economia e a precarização do trabalho, haja vista que os sindicatos foram enfraquecidos.

c) FHC promoveu defender o real como uma medida exigida para estabilizar a moeda. Falando isso, ele se defendia das críticas de que o real não gerou empregos e nem garantiu o crescimento econômico, que segundo ele são atos de responsabilidade de políticas econômicas.

d) FHC e Malan estão defendendo de críticos como Sader. Enquanto este autor caponta e crítica o outro lado social da adoção do real, FHC explica que a nvoa moeda não teve culpa sobre a precarização do trabalho e más condições de vida da população.

2.  
Em uma saída para o mercado nos anos 1990, os três discutem a situação do país.

FHC: Veja, os más tempos do Sarney não existem mais. Hoje o cliente não precisa correr para ir ao mercado: o açúcar terá o mesmo preço por um bom tempo.

Sader: Mas isto se o cliente tiver emprego para poder comprá-lo. Vemos o aumento do desemprego e uma grande parcela da população vivendo miseravelmente.

FHC: Olhe, não coloque a culpa no real. Ele fez o seu papel: manter os preços dos produtos no mercado. Se quer reclamar de desenvolvimento social, reclame com os ministros da economia e da fazenda.

Malan: Exatamente Sader. O real não é o redentor do Brasil, é apenas peça-chave para melhorar as condições. Você deve cobrar medidas de outros agentes.

Bons estudos!




Bons estudos!
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