Soneto
Já da morte o palor me cobre o rosto,
Nos lábios meus o alento desfalece,
Surda agonia o coração fenece,
E devora meu ser mortal desgosto!
Do leito embalde no macio encosto
Tento o sono reter!... já esmorece
O corpo exausto que o repouso esquece...
Eis o estado em que a mágoa me tem posto!
O adeus, o teu adeus, minha saudade,
Fazem que insano do viver me prive
E tenha os olhos meus na escuridade.
Dá-me a esperança com que o ser mantive!
Volve ao amante os olhos por piedade,
Olhos por quem viveu quem já não vive!
AZEVEDO, A. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2000.
O núcleo temático do soneto citado é típico da segunda geração romântica, porém configura um lirismo que o projeta para além desse momento específico. O fundamento desse lirismo é:
A) a angústia alimentada pela constatação da irreversibilidade da morte.
B) a melancolia que frustra a possibilidade de reação diante da perda.
C) o descontrole das emoções provocado pela autopiedade.
D) o desejo de morrer como alívio para a desilusão amorosa.
E) o gosto pela escuridão como solução para o sofrimento.
No trecho abaixo, o narrador, ao descrever a personagem, critica sutilmente um outro estilo de época: o Romantismo.
“Naquele tempo contava apenas uns quinze ou dezesseis anos; era talvez a mais atrevida criatura da nossa raça, e, com certeza, a mais voluntariosa. Não digo que já lhe coubesse a primazia da beleza, entre as mocinhas do tempo, porque isto não é romance, em que o autor sobredoura a realidade e fecha os olhos às sardas e espinhas; mas também não digo que lhe maculasse o rosto nenhuma sarda ou espinha, não. Era bonita, fresca, saía das mãos da natureza, cheia daquele feitiço, precário e eterno, que o indivíduo passa a outro indivíduo, para os fins secretos da criação.”
ASSIS, Machado de. Memórias Póstumas de Brás Cubas. Rio de Janeiro: Jackson,1957.
A frase do texto em que se percebe a crítica do narrador ao romantismo está transcrita na alternativa:
A) “… o autor sobredoura a realidade e fecha os olhos às sardas e espinhas …”
B) “… era talvez a mais atrevida criatura da nossa raça …”
C) “Era bonita, fresca, saía das mãos da natureza, cheia daquele feitiço, precário e eterno, …”
D) “Naquele tempo contava apenas uns quinze ou dezesseis anos …”
E) “… o indivíduo passa a outro indivíduo, para os fins secretos da criação.”
A natureza, nessa estrofe:
“Do tamarindo a flor abriu-se, há pouco,
Já solta o bogari mais doce aroma!
Como prece de amor, como estas preces,
No silêncio da noite o bosque exala.”
Gonçalves Dias
Obs:
tamarindo = árvore frutífera; o fruto dessa mesma planta
bogari = arbusto de flores brancas.
A) é concebida como uma força indomável que submete o eu lírico a uma experiência erótica instintiva.
B) expressa sentimentos amorosos.
C) é representada por divindade mítica da tradição clássica.
D) funciona apenas como quadro cenográfico para o idílio amoroso.
E) é recriada objetivamente, com base em elementos da fauna e da flora nacionais.
Soluções para a tarefa
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Resposta:
1- B "a melancolia que frustra a possibilidade de reação diante da perda."
2- A “… o autor sobredoura a realidade e fecha os olhos às sardas e espinhas …”
3- E " é recriada objetivamente, com base em elementos da fauna e da flora nacionais."
Explicação:
biel3616:
1B 2A 3B
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