Sobre os perigos da leitura
Nos tempos em que eu era professor da Unicamp, fui designado presidente da
comissão encarregada da seleção dos candidatos ao doutoramento, o que é um
sofrimento. Dizer esse entra, esse não entra é uma responsabilidade dolorida da qual
não se sai sem sentimentos de culpa. Como, em 20 minutos de conversa, decidir sobre
a vida de uma pessoa amedrontada? Mas não havia alternativas. Essa era a regra. Os
candidatos amontoavam-se no corredor recordando o que haviam lido da imensa lista de livros cuja leitura era exigida. Aí tive uma ideia que julguei brilhante. Combinei com
os meus colegas que faríamos a todos os candidatos uma única pergunta, a mesma
pergunta. Assim, quando o candidato entrava trêmulo e se esforçando por parecer
confiante, eu lhe fazia a pergunta, a mais deliciosa de todas: “Fale-nos sobre aquilo
que você gostaria de falar!”. [...]
A reação dos candidatos, no entanto, não foi a esperada. Aconteceu o oposto:
pânico. Foi como se esse campo, aquilo sobre o que eles gostariam de falar, lhes fosse
totalmente desconhecido, um vazio imenso. Papaguear os pensamentos dos outros,
tudo bem. Para isso, eles haviam sido treinados durante toda a sua carreira escolar, a
partir da infância. Mas falar sobre os próprios pensamentos – ah, isso não lhes tinha
sido ensinado!
Na verdade, nunca lhes havia passado pela cabeça que alguém pudesse se
interessar por aquilo que estavam pensando. Nunca lhes havia passado pela cabeça
que os seus pensamentos pudessem ser importantes.
9) A palavra “a”, em –...no entanto, não foi a esperada.(3.º parágrafo), refere-se a (1,0)
(a) candidatos.
(b) pergunta.
(c) reação.
(d) falar.
(e) gostaria.
Soluções para a tarefa
Respondido por
2
Resposta:
a) candidatos ou c) reação
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