Sobre meu corpo se deitou a noite (como se eu fosse um lugar de paina). Mas eu não sou um lugar de paina. Quando muito um lugar de espinhos. Talvez um terreno baldio com insetos dentro. Na verdade eu nem tenho ainda o sossego de uma pedra. Não tenho os predicados de uma lata. Nem sou uma pessoa sem ninguém dentro feito um osso de gado Ou um pé de sapato jogado no beco. Não consegui ainda a solidão de um caixote tipo aquele engradado de madeira que o poeta Francis Ponge fez dele um objeto de poesia. Não sou sequer uma tapera, Senhor. Não sou um traste que se preze. Eu não sou digno de receber no meu corpo os orvalhos da manhã.A-Poeta das miudezas, assim era considerado Manoel Barros. Publicou pela primeira vez esse poema no livro Retrato do artista . Você vê alguma semelhança entre o poema e o nome do livro?
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Resposta: Sim, Pois ele ( o autor) está retratando aquilo que ele viu, sentiu, viveu.
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