Português, perguntado por gracylima41, 9 meses atrás

Sobre as variedades linguísticas, leia o texto abaixo e responda à questão proposta. Duzentas gramas Tenho um amigo que fica indignado quando peço na padaria “duzentas” gramas de presunto – já que a forma correta, insiste ele, é duzentos gramas. Sempre discutimos sobre os diferentes modos de falar. Ele argumenta que as regras de pronúncia e de ortografia, já que existem, devem ser obedecidas, e que os mais cultos (como eu, um cara que traduz livros) devem insistir na forma correta, a fim de esclarecer e encaminhar gente menos iluminada. Eu sempre argumento que, quando ele diz que só existe uma forma correta de falar, está usurpando um termo de outro ramo, que está tentando aplicar a ética à gramática, como se falar corretamente implicasse algum grau de correção moral, como se dizer “duzentas” significasse incorrer numa falha de caráter, e dizer duzentos gramas fosse prova de virtude e integridade. Ele vem então com aquela de que se pode desculpar a moça da padaria quando fala “duzentas”, pois ela desconhece a norma culta, mas quanto a mim, que a domino, demonstro uma falha de caráter ao ignorá-la em benefício dos outros – só para evitar o constrangimento de falar diferente. “Quem sabe fazer o bem e não o faz comete pecado” – parece concluir. Eu reconheço, sim, que falo de forma diferente dependendo de quem seja meu interlocutor. Às vezes uso deliberadamente formas como “tentêmo” ou “vou ir”. Pelo mesmo motivo, todas as gírias e dialetos locais me interessam. Não que – por exemplo – a decisão de dizer “duzentas” gramas seja consciente, uma premeditação em favor da inclusão social. É que, algumas vezes, a coisa certa a se fazer – sobretudo na linguagem falada – é ignorar a norma, ou pervertê-la. Quando peço “duzentas gramas de presunto, por favor”, a moça da padaria invariavelmente repete, como que para extorquir minha profissão de fé à norma inculta: − DUZENTAS? − Duzentas, confirmo eu, já meio arrependido, mas caindo, ainda assim, em tentação. Com base na leitura do texto, avalie as proposições abaixo. O texto retrata a variação entre duas normas distintas, a norma culta utilizada por falantes mais escolarizados e que preserva as regras gramaticais; e a norma popular, normalmente presente na fala de pessoas com menor grau de escolarização e que não tiveram acesso às regras da norma padrão da escrita apresentadas pela escola. Mesmo existindo diferentes variedades linguísticas não podemos utilizar as normas populares e regionais, pois a norma padrão é a correta e prevalece sempre sobre as demais. O autor, no trecho: “Eu reconheço, sim, que falo de forma diferente dependendo de quem seja meu interlocutor. Às vezes uso deliberadamente formas como “tentêmo” ou “vou ir”. Pelo mesmo motivo, todas as gírias e dialetos locais me interessam”, fala sobre dois tipos diferentes de variação, a variação regional e a variação estilística ou situacional. Das proposições, é correto apenas o que se afirma em

Soluções para a tarefa

Respondido por jalves26
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I e III estão corretos.

I. O texto retrata a variação entre duas normas distintas, a norma culta utilizada por falantes mais escolarizados e que preserva as regras gramaticais; e a norma popular, normalmente presente na fala de pessoas com menor grau de escolarização e que não tiveram acesso às regras da norma padrão da escrita apresentadas pela escola. (verdadeiro)

> O texto discute sobre as diferentes formas de falar o português, uma que segue a norma padrão, e outra que segue a norma popular, fugindo das regras gramaticais.

II. Mesmo existindo diferentes variedades linguísticas não podemos utilizar as normas populares e regionais, pois a norma padrão é a correta e prevalece sempre sobre as demais. (falso)

> A norma padrão não é a úncia forma de se falar. Não é certo e errado quando se trata de linguagem. Assim, a utilização de variedades linguísticas populares e regionais não significa "erro".

III. O autor, no trecho: “Eu reconheço, sim, que falo de forma diferente dependendo de quem seja meu interlocutor. Às vezes uso deliberadamente formas como “tentêmo” ou “vou ir”. Pelo mesmo motivo, todas as gírias e dialetos locais me interessam”, fala sobre dois tipos diferentes de variação, a variação regional e a variação estilística ou situacional. (verdadeiro)

> "Dialetos locais" fazem parte da variação regional; já "gírias" fazem parte da variação situacional.

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