SIM
Sim, sei bem
Que nunca seria alguém.
Sei de sobra
Que nunca terei uma obra.
Sei, enfim,
Que nunca saberei de mim.
Sim, mas agora,
Enquanto dura esta hora,
Este luar, estes ramos,
Esta paz em que estamos,
Deixem-me crer
O que nunca poderei ser.
1) Qual a contradição expressa pela eu lírico nesses versos?
2) De que maneira os advérbios sim e nunca explicitam essa contradição do eu lírico?
3) Releia os seis primeiros versos do poema.
(a) Qual é o possível significado da palavra nesse trecho?
(b) Que advérbios ou locução adverbiais modificam o verbo saber nesses versos? Que ideia cada um deles expressa? Como contribuem para a progressão de ideias no texto?
(c) O que esses versos permitem inferir sobre o entendimento do eu lírico a cerca da existência humana?
4) Segundo alguns estudiosos, a obra de Ricardo Reis manifesta consciência da "precariedade da vida" (imperfeição, insuficiência). O poema lido reitera ou contrária tal afirmação? Explique.
Soluções para a tarefa
1. A contradição é saber que nunca seria nada e, mesmo assim, continuar acreditando no que nunca poderia ser.
2. Os advérbios "sim" e "nunca" representam esse contraste entre acreditar, querer ser (sim), mas nunca poder realizar.
3. a) O significado da palavra "sei" é estou convencido de ou estou ciente de.
b) Os advérbios ou locuções adverbiais que modificam o verbo "saber" são:
"bem", "de sobra" e "enfim".
A ideia que cada um expressa é:
"bem" - modo
"de sobra" - intensidade
"enfim" - tempo
Eles contribuem para a progressão do texto indicando o estado do eu-lírico, que vai da certeza, passando pelo excesso até chegar à conclusão.
c) Esses versos permitem inferir que o eu-lírico entende que a existência humana é imperfeita, insuficiente e vazia de sentido. Não há recompensas, reconhecimento ou vitória ao final.
4. O poema lido reitera tal afirmação sobre a "precariedade da vida", pois o eu-lírico está convencido de que nunca será alguém ou terá algo do que se orgulhar. Assim, a vida se mostra precária e vazia.