Será porventura o estilo que hoje se usa nos púlpitos? Um estilo tão empeçado, um estilo tão dificultoso, um estilo tão afectado, um estilo tão encontrado a toda a arte e a toda a natureza? Boa razão é também esta. O estilo há-de ser muito fácil e muito natural. Por isso Cristo comparou o pregar ao semear: Exiit, qui seminat, seminare. Compara Cristo o pregar ao semear, porque o semear é uma arte que tem mais de natureza que de arte. Nas outras artes tudo é arte: na música tudo se faz por compasso, na arquitectura tudo se faz por regra, na aritmética tudo se faz por conta, na geometria tudo se faz por medida. O semear não é assim. É uma arte sem arte caia onde cair. Vede como semeava o nosso lavrador do Evangelho. «Caía o trigo nos espinhos e nascia» Aliud cecidit inter spinas, et simul exortae spinae «Caía o trigo nas pedras e nascia»: Aliud cecidit super petram, et ortum. «Caía o trigo na terra boa e nascia»: Aliud cecidit in terram bonam, et natum. Ia o trigo caindo e ia nascendo. Assim há-de ser o pregar. Hão-de cair as coisas hão-de nascer; tão naturais que vão caindo, tão próprias que venham nascendo. Que diferente é o estilo violento e tirânico que hoje se usa! Ver vir os tristes passos da Escritura, como quem vem ao martírio; uns vêm acarretados, outros vêm arrastados, outros vêm estirados, outros vêm torcidos, outros vêm despedaçados; só atados não vêm! Há tal tirania? Então no meio disto, que bem levantado está aquilo! Não está a coisa no levantar, está no cair: Cecidit. Notai uma alegoria própria da nossa língua. O trigo do semeador, ainda que caiu quatro vezes, só de três nasceu; para o sermão vir nascendo, há-de ter três modos de cair: há-de cair com queda, há-de cair com cadência há-de cair com caso. A queda é para as coisas, a cadência para as palavras, o caso para a disposição. A queda é para as coisas porque hão-de vir bem trazidas e em seu lugar; hão-de ter queda. A cadência é para as palavras, porque não hão-de ser escabrosas nem dissonantes; hão-de ter cadência. O caso é para a disposição, porque há-de ser tão natural e tão desafectada que pareça caso e não estudo: Cecidit, cecidit, cecidit. Já que falo contra os estilos modernos, quero alegar por mim o estilo do mais antigo pregador que houve no Mundo
O texto acima retrata o:
a) Estilo Barroco e Cultista
b) Estilo Barroco e Conceptismo
Soluções para a tarefa
Resposta:
letra a
Explicação:
estes foram no mesmo período, porém cultista é mais atual, se referindo na maioria das vezes a assuntos cotidianos
O texto apresentado no enunciado apresenta o Estilo Barroco e Cultista, e por isso a alternativa correta é a letra A.
O Barroco possuía diversas características, e uma delas era a valorização do contraste, tanto nas pinturas como nas obras literárias, onde os autores buscavam contrastar sombra e luz, de forma que reforçassem a ideia de bem e mal, Deus e Diabo, corpo e espírito, entre outros.
Já o Cultismo, esse é algo intrínseco no Barroco, pois ele é propriamente o jogo de palavras que é utilizado no mesmo, onde há o rebuscamento da forma, para que se tenha um preciosismo em relação à linguística.
No texto apresentado no enunciado, é exatamente isso que percebemos, com o autor realizando um jogo de palavras para tornar o texto rebuscado.
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