SER FILHO É PADECER NO PURGATÓRIO
– Pssiu, psssiu!
– Eu? – virou-se Juvenal, apontando o próprio peito.
– É. O senhor mesmo. – confirmou o comerciante à porta da
loja. Venha cá por favor.
Juvenal aproximou-se. O comerciante inclinou-se sobre ele e,
como que lhe segredasse algo, perguntou:
– O senhor tem mãe?
– Tenho.
– Gosta dela?
– Gosto.
– Então é com o senhor mesmo que eu quero falar. Vamos
entrar. Tenho aqui um presente especial para sua mãe.
– Tem mesmo? Mas por que o senhor não entrega a ela
pessoalmente?
– Porque ela é sua mãe, não é minha. O senhor é que deve
entregar o presente.
– Está bem. Então o senhor me dá que eu dou pra ela.
– Dar, não. – corrigiu o comerciante. – Infelizmente, não estamos
em condições. As vendas só subiram 75%. Vou ter que lhe
vender o presente.
– Mas eu não estava pensando em comprar um presente agora
para minha mãe. O aniversário dela é em novembro.
– Não é pelo aniversário. É pelo dia das mães.
– Dias das mães? – repetiu Juvenal, sempre desligado. – Mães de
quem?
– Mães de todos. É depois de amanhã, domingo.
– É mesmo? E quem disse isso?
– Bem…
– Está na Bíblia?
– Não. Ele foi criado por nós, comerciantes, para permitir que
vocês manifestem seu amor e carinho por suas mães.
– Puxa, vocês são tão legais. Eu não sabia que os comerciantes
gostavam tanto da mãe da gente.
– Pois acredite. E olhe, vou lhe contar um segredo: nós gostamos
mais da mãe de vocês do que da nossa.
– É mesmo? E por que assim?
– Porque a nossa não deixa lucro. Pelo contrário. Todo ano, no
dia das mães, sou obrigado a desfalcar a loja para presenteá-la.
Carlos Eduardo Novaes
Separe o texto acima em substantivo e adjetivo preciso disso urgente
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