Filosofia, perguntado por 4500144276, 4 meses atrás

segundo maquiavel "os meios justificam os fins" sua filosofia é contrária à moral se tudo pode ser feito para alcançar um objetivo?como ele explicita isso?

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Respondido por luanjacobina93
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Resposta:

Diplomata de origem humilde, Maquiavel viveu em Florença, numa época de insegurança social e violentas lutas políticas. Suas receitas para conservar o poder e a ordem incluíam o sacrifício, por “razões de Estado”, dos pontos mais fundamentais da Ética e da Moral. Infelizmente, essas receitas têm sido seguidas à risca até hoje por uma multidão de políticos e empresários.

Niccolò Machiavelli (1496-1527) foi o fundador da moderna filosofia política e social; raramente houve na História das idéias uma revolução tão completa como a promovida por ele. E o pensador não ignorava quão radical era: comparou o seu trabalho ao de Colombo, pois também teria descoberto um novo mundo, e ao de Moisés, pois também lideraria um “novo povo escolhido”, ansioso por libertar-se da escravidão às idéias morais, rumo à “terra prometida” do poder e do êxito prático.

Para todos os pensadores sociais anteriores, a meta da vida política era a virtude: uma sociedade boa era aquela em que as pessoas fossem boas. Não havia “dois pesos e duas medidas” para a bondade, um no âmbito da vida individual, outro no da vida social. Isso, até Maquiavel: a partir dele, a Política deixou de ser a arte do bem viver em sociedade para tornar-se “a arte do possível”. E, neste ponto, a sua influência foi enorme: todos os principais filósofos políticos e sociais que vieram depois (Hobbes, Locke, Rousseau, Stuart Mill, Kant, Hegel, Marx, Nietzsche, Dewey) começaram por saudar a nova bandeira hasteada pelo florentino, passando a rejeitar o ideal da virtude e a rebaixar o padrão da moralidade.

Maquiavel argumentava que as morais tradicionais seriam como as estrelas: belas, mas distantes demais para poderem iluminar o nosso caminho sobre a terra. Precisaríamos de lanternas feitas pelo homem, ou seja, de metas que estivessem ao nosso alcance. Deveríamos guiar-nos pelas coisas da terra, não pelas do céu; por aquilo que os homens efetivamente fazem, não pelo que deveriam fazer.

A essência da sua revolução foi julgar os ideais de acordo com a prática, ao invés de julgar a prática de acordo com os ideais. Um ideal somente seria bom se for prático para mim. Por isso, Maquiavel merece ser considerado o pai do pragmatismo. Segundo o seu modo de pensar, não somente “os fins justificam os meios” (quaisquer meios que funcionem), mas “os meios justificam os fins”, no sentido de que só valeria a pena buscar um fim se dispuséssemos dos meios práticos para atingi-lo. Em outras palavras, o novo summum bonum, o novo bem supremo, seria o sucesso. (Às vezes, o pensador italiano parece falar não apenas como o pai do pragmatismo, mas como o primeiro pragmatista americano…).

Com essas afirmações, Maquiavel na verdade não rebaixou o nível dos padrões morais; simplesmente suprimiu-os. Mais ainda do que um pragmatista, pode-se dizer que era um antimoralista. Segundo ele, a moral só teria a ver com o sucesso por dificultá-lo. Em conseqüência, dizia que um príncipe tinha de “aprender a não ser bom” (O Príncipe, cap. 15), a quebrar as promessas feitas, a mentir, a trapacear e a roubar (cfr. cap. 18) para ser bem-sucedido.

Por causa dessas opiniões, aliás expressas sem subterfúgios, alguns dos contemporâneos consideraram O Príncipe um livro literalmente inspirado pelo demônio (1). Muitos professores modernos, porém, vêem-no como obra científica. Defendem o seu autor afirmando que não queria abolir a moralidade, mas simplesmente escrever um livro sobre outro assunto: sobre como as coisas são, não sobre como deveriam ser. Costumam até elogiá-lo pela sua falta de hipocrisia, o que implicitamente equivale a dizer que moral é hipocrisia.

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