Saneamento Básico da Índia
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Um estudo divulgado pelo Centro para a Ciência e o Meio Ambiente mostra que 80% do esgoto produzido na Índia é descartado sem tratamento algum. De acordo com o relatório, conforme noticiado pela agência internacional AFP, o país produz diariamente 40 bilhões de litros de águas residuais e apenas 20% disso passa por tratamento antes de chegar aos rios. Os pesquisadores consideram esta situação uma “bomba-relógio” para a saúde da população local.
A Índia é dividida em oito mil municípios, porém outro estudo, realizado em 2011 pelo Conselho Central de Controle de Poluição, mostra que somente em 160 deles existe ao menos uma central de tratamento de esgoto e saneamento básico.
Mas os problemas relacionados a saneamento básico não param por aí, segundo os censos, há uma maior probabilidade de um indiano ser proprietário de um celular do que ter um banheiro em casa. Isto coloca um gigantesco problema à saúde pública. Metade da população indiana, ou ao menos 620 milhões de pessoas, defeca ao ar livre. Embora essa parcela tenha caído um pouco ao longo da última década, uma análise do censo revelou que o rápido crescimento populacional gerou um número inédito de pessoas afetadas por dejetos humanos. Por outro lado, 53% dos indianos tem um celular e 47% uma televisão.
A defecação ao ar livre continua sendo um dos maiores problemas da Índia por questões culturais, tradicionais e de falta de educação. A defecação ao ar livre é um problema milenar na Índia. Alguns textos hindus da antiguidade aconselham as pessoas a fazer suas necessidades longe de casa. “A causa de muitas de nossas doenças é a condição de nossos banheiros e nosso mau hábito de jogar excrementos em todo e qualquer lugar”, escreveu Gandhi em 1925.
Como conseqüência de toda essa situação, as crianças são expostas a um coquetel de bactérias que as deixa doente, impedindo-as de manter um peso saudável, não importa quanta comida consumam. Os corpos dessas crianças roubam energia e nutrientes do crescimento e do desenvolvimento do cérebro para priorizar o combate às infecções causadas pelas bactérias. Quando isso acontece durante os dois primeiros anos de vida, as crianças ficam raquíticas. O mais assustador é que a perda de peso e de inteligência são efeitos permanentes.
Dados do UNICEF sobre a mortalidade na infância mostram que cerca de metade dos casos de mortes entre os menores de 5 anos ocorre em cinco países: Índia, Nigéria, República Democrática do Congo, Paquistão e China. Dois países – Índia (24%) e Nigéria (11%) – respondem juntos por mais de um terço de todas as mortes de menores de 5 anos. Esses mesmos países também têm populações significativas sem acesso à água potável e ao saneamento melhorado.
Isso também traz um maior risco de doenças entre adultos como diabetes, ataques cardíacos e derrames cerebrais.