Filosofia, perguntado por Angela20170, 1 ano atrás

Resumo de realismo e nominalismo

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Respondido por Nataliaalvesdesouza
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O conceito de universal surge ao falar sobre conceito, ideia ou essência comum a todas as coisas que indicamos pelo mesmo nome, ou seja, o que pensamos ser algo que denominamos por uma palavra.


Surge uma questão: o universal é algo real ou um ato simples de nossa mente expresso por um nome? Os conceitos são realidade ou palavras?


O nominalismo é uma doutrina que afirma uma posição, dizendo que o real é um puro nome, apenas uma emissão fonética. Só existe uma realidade: individuos e objetos.

Thomas Hobbes e Étienne Bonnot de Condillac são declaradamente nominalistas.


Enquanto isso, para a doutrina realista, os universais existem objetivamente. Uma expressão importante é o Realismo platônico, termo filosófico usado para se referir ao realismo, mas com relação relação à existência de "universais".

A Inerência é uma das criticas ao realismo platônico, porém a popularidade dessa corrente não é pequena.

Respondido por lucasranieri31p665r0
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No decorrer da Idade Média duas posições extremadas se desenvolveram, o Nominalismo e o Realismo. Os nominalistas afirmavam que nenhuma substância metafísica se esconde por trás das palavras: as pretensas essências não são além de palavras ou signos que representam coisas sempre singulares. Enquanto os realistas postulavam a existência de coisas exteriores a nós e independentes do que pensamos sobre elas.

Guilherme de Champeaux  (1070-1120) foi um dos representantes do realismo, dizia ele que a natureza ou essência de algo – por exemplo, de um homem – é única e idêntica em todos os indivíduos dos quais podemos predicar “homem”. Os indivíduos seriam meras variações acidentais da natureza ou da essência.

Um dos discípulos de Guilherme de Champeaux, Pedro Abelardo (1079-1142), logo percebeu o problema que a ideia de universais nas coisas (universale in re) poderia criar e colocou o seu mestre em dificuldades ao propor que se a Platão é um homem e Sócrates é um homem, e se só existe uma única natureza humana, então Platão é Sócrates.

No extremo oposto, Roscelino (1050-1120), negava que os conceitos fossem algo distinto de sua expressão linguística, os nomes não eram mais do que sons arbitrários (flatus vocis) que associamos a determinados objetos. Fora de nosso intelecto só existem os seres singulares. Para os nominalistas, os conceitos universais são criações do nosso intelecto e não têm existência fora da mente. Usamos conceitos para nos referirmos às coisas, mas tais conceitos não são uma propriedade das coisas, existindo exclusivamente em nossas mentes. Se a mente forma os conceitos a partir das coisas, por perceber semelhanças entre elas, ou se já possui em si mesma os conceitos que associa às coisas, em ambos os casos, os conceitos permanecem como sendo uma produção intelectual sem correspondência a nada de real fora da mente.

A partir do século XII começa a se desenvolver uma versão moderada de realismo com Pedro Abelardo, com importantes desdobramentos em Tomás de Aquino (século XIII). Tomás de Aquino teve a vantagem, em relação a Abelardo, de contar com a tradução das obras de Aristóteles para o latim. Assim pode incorporar elementos aristotélicos em seu realismo moderado. Os realistas moderados aceitavam as seguintes testes como forma de resolver o problema:

1.      as únicas coisas que existem são os indivíduos particulares;

2.      universais enquanto universal, isto é, enquanto predicável de muitos,

existem somente na mente;

3.      o que os universais significam (sua compreensão) está fundada imediatamente nas coisas, mas encontram seu fundamento último nas ideias divinas; nesse sentido, existem universais nas coisas e universais anteriores às coisas;

4.      todos os nossos conceitos vêm da experiência, pois não há ideias inatas.


Portanto, os realistas moderados concordam com os nominalistas nos pontos 1 e 2. Concordam, em parte, com os realistas extremados no ponto 3, mas precisam encontrar uma maneira de evitar o problema da identificação de Platão e Sócrates como sendo o mesmo ser humano. Finalmente, no ponto 4, eles rejeitam tanto o inatismo como o sensorialismo (que os conceitos não são mais do que imagens captadas pelos sentidos).

Para Tomás de Aquino, os indivíduos são compostos de matéria e forma, sendo a matéria o princípio de individuação. A forma (em nosso caso a alma) ao se unir à matéria (corpo) formam os indivíduos (Sócrates, Platão, Maria...) como unidades indissociáveis. Nosso intelecto, porém, é capaz de percebê-las como separadas através do processo de abstração. Nossos sentidos imprimem uma imagem de um objeto físico em nossa mente. Essa impressão ou imagem é chamada por Aquino de fantasma. Nosso intelecto agente abstrai das imagens a forma (o padrão inteligível) que está impressa em nosso intelecto passivo (que somente a recebe dos sentidos). Esta forma, recebida pelos sentidos, impressa em nosso intelecto passivo e abstraída pelo intelecto agente, é o conceito.

A posição de Aquino ainda encontrou objeções entre seus sucessores. João Duns Escoto objeta em favor do realismo de que se nosso intelecto é capaz de abstrair a forma das coisas é porque algo de geral, algo de regular existe na natureza: se o universo fosse um puro caos, não poderíamos abstrair coisa alguma, pois cada evento seria único. Ora, se podemos ver traços comuns nos particulares é porque tais traços existem não em nossa mente, mas na realidade. Contrariamente, Guilherme de Ockham advoga uma posição conceitualista-nominalista. Para ele, só os objetos singulares são reais, as abstrações que fazemos deles existem apenas em nossas mentes. O conceito de “mamífero” não mama, nem tem sangue quente, é apenas uma característica geral que usamos para designar um grupo de indivíduos, mas o mamífero, em si, não é algo real.

De certa forma, a querela dos universais não terminou junto com o fim da Idade Média. Ela atravessou a Era Moderna chegando até os nossos dias, ganhando contornos cada vez mais elaborados.


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