resumo A tríade do inferno
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Meio dia. A sombra do arbusto move-se com o vento. Pisando nela, um par de olhos famintos sobre quatro patas. Ao lado, um bípede raquítico. Nesse cenário de miséria, a vida é uma utopia medíocre e tudo que se move existe, e se existe é alimento ou ameaça. Súbito, o Cão fica estático e atento. O rastro do vivente exausto de fuga está aí, grudado ao chão rachado. Silêncio. Um chiado denuncia-se. A fome rastejando no próprio ventre, entoca-se. Da toca sai um cheiro de banquete ameaçado. Um só êxito exterminará tudo. Duas estocadas no buraco e os parceiros já não são mais aliados. Na fuga o rabo do Lagarto é devorado sem remorso pelo Cão. Lá adiante, condoendo-se numa dor secreta, ele espera a desgraça ruir sobre os inimigos. Furioso e exangue o menino mata o Cão e come-lhe a carne. O calor aumenta, vêm os engulhos, os delírios, e um tombo é ouvido na caatinga. O Lagarto aproxima-se lambendo o espetáculo mórbido. Não sabe que a morte é um caos sem providência divina, nem que no Nordeste se inicia a terrível seca de 1915.