resenha do livro eu sou malala
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Resposta:
É impossível querer conhecer e entender a história de quem e a “garota que defendeu o direito à educação e foi baleada pelo talibã” sem passar por outros momentos que precedem o seu nascimento. A vida da Malala que emocionou o mundo começa muito antes, com o surgimento de seu país, com a luta de seu pai numa tentativa de abrir as portas educacionais às crianças paquistanesas. Logo, Eu sou Malala é um livro que intrinsecamente narra estas três histórias: a da formação do Paquistão, a da formação da família Yousafzai e a da própria Malala e seu atentado.
Logo no prólogo, temos uma breve descrição de como foi o momento em que Malala foi baleada e desde já, somos levados a várias reflexões. Dentre elas, nos perguntamos: de que vale a violência gratuita?
A obra é dividida em 5 partes. Na primeira, há uma descrição de como a família Yousafzai se constituiu e de como era a vida antes da chegada do Talibã ao vale do Swat. Esta parte é fundamental, pois ela apresenta ao leitor as crenças, os costumes, o modo de vida da comunidade do vale, além de ser uma justificativa das convicções de Malala. A menina cresceu vendo a luta de seu pai para ter e manter suas escolas abertas, além disso, sempre gostou de ouvir as conversas dos mais velhos sobre política.
A segunda parte retrata a chegada do Talibã ao vale, a destruição do patrimônio histórico-cultural da região, a resistência de Malala e seu pai à pressão sofrida para o fechamento da escola de meninas. A violência presente no dia a dia das pessoas passa a ser cada vez mais presente e intensa. Até que culmina no que vem descrito na parte três: o atentado sofrido pela Malala – não mais por ela frequentar a escola, mas sim por ela o fazer e discursar contra as ideias radicais e extremistas dos talibãs.
Até este ponto da leitura, o livro me deixou muito dividida: se por um lado eu admiro a força e a determinação de Malala e sua família, na luta pelos direitos básicos das pessoas do Swat (seja na questão educacional, seja dividindo a própria comida com quem não tinha um grão de arroz para se alimentar); por outro, a crueldade a troco de nada, a violência, a privação e a busca desenfreada por poder só me deixou abalada. Ver os rumos da nossa humanidade assusta em certos aspectos e Eu sou Malala nos mostra uma realidade tão cruel que é impossível não se sensibilizar e não temer tudo isso.
A quarta parte é que relata os momentos de desespero em que os pais da Malala não sabiam ao certo a gravidade de seu acidente. Nela vemos também como a falta de infraestrutura pode ser fator determinante para o fracasso de um tratamento médico – o que me fez traçar um paralelo e pensar na realidade brasileira e no quanto as pessoas pobres sofrem com isso. É nesta parte também que vemos com detalhes como a Malala viaja até a Inglaterra, para – na quinta e última parte – entendermos como ela e sua família se estabelecem em Birmingham.
A obra termina com um prólogo em que Malala faz um relato de como é a sua vida atualmente. Percebe-se então a importância da liberdade em nossas vidas. Uma coisa é mudarmos de país por opção própria; outra é ser forçado a fazê-lo da noite para o dia, sem ter uma perspectiva de retorno. Ainda que Malala viva em pleno conforto – e possa estudar em liberdade – seu maior desejo é ver as árvores do Swat novamente, fato que não há perspectiva de acontecer tão cedo.
Eu sou Malala é um livro simples e ao mesmo tempo profundo. Sua leitura é fácil; seus fatos complexos; suas palavras tocantes e transformadoras, capazes de mudar uma vida inteira. Não há como terminar esta leitura sendo a mesma pessoa que a iniciou. Malala é exemplo, é perseverança, é vida – mesmo com o mundo dizendo para que ela fosse contra a todos os seus princípios.
“‘Que possamos pegar nossos livros e canetas’, eu disse. ‘São as nossas armas mais poderosas. Uma criança, um professor, um livro e uma caneta podem mudar o mundo’”. (Eu sou Malala, Malala Yousafzai – página 324).
ESPERO TER TE AJUDADO!