Resenha crítica do livro chapeuzinho amarelo
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UM ESTUDO CRÍTICO DO LIVRO CHAPEUZINHO AMARELO DE CHICO
BUARQUE
Resumo
Acompanhando o processo de delineamento do conceito de infância (século XVIII), surge um
gênero literário voltado à especificidade das crianças: a literatura infantil. No Brasil, tornou-se
consensual afirmar que a produção de uma literatura adequada aos pequenos inicia-se em
1921, com a publicação de A menina do narizinho arrebitado, de Monteiro Lobato. É comum
afirmar, também, que a diversificação da produção literária voltada para as crianças e o
aparecimento de novos autores tomou grandes proporções a partir de 1970 – contexto em que
surge, em 1979, o livro Chapeuzinho Amarelo, de Chico Buarque, mote do estudo em
questão. Contudo, apesar de sua relevância para a formação humana, a literatura infantil ainda
é, equivocadamente, tida por muitos como um gênero menor, quer pelo público a que se
destina quer pela insistência de uma pedagogia utilitarista. Nesse sentido, sem a pretensão de
esgotar o tema, o presente trabalho tem o intuito de analisar o livro Chapeuzinho amarelo, a
partir do exame de seus aspectos textuais, gráficos e intertextuais, com o fito de superar ideias
que, por vezes, inferiorizam o gênero ao qual o livro está inserido. Trata-se de uma pesquisa
bibliográfica que seguiu, preponderantemente, a dedução como método de raciocínio para
obter os resultados objetivados. Em suma, por meio de um olhar mais reflexivo, pode-se
afirmar que o livro sob análise – publicado pela Berlendis e Vertecchia Editores Ltda –
constitui-se, muito mais que uma paráfrase do livro Chapeuzinho vermelho, de Charles
Perrault, em excelente instrumento para a compreensão da leitura enquanto prática social.
Palavras-chave: Literatura infantil. Gênero literário. Chapeuzinho Amarelo.
1. Introdução
De acordo com Zilberman (2003), a partir do século XVIII, iniciou-se o delineamento
do conceito de infância, passando a considerar os aspectos físicos e mentais dos seres nesta
fase da vida humana. Até então, as crianças eram tidas como “adultos em miniaturas”, não
recebendo os cuidados atinentes à infância (ARIÈS, 1978).
Acompanhando esse processo que entendia a criança como um ser com características
e necessidades próprias, originou-se também um gênero literário voltado à sua especificidade:
a literatura infantil.
Assim, na busca de uma literatura também adequada à criança, passou-se a fazer
adaptações dos grandes clássicos lidos pela nobreza européia e a apropriação do folclore pelos
contos de fada. Conforme Cunha (2003, p. 23), “Perrault e depois os irmãos Grimm,
colecionadores dessas histórias folclóricas, estão assim ligados à gênese da literatura infantil”.
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