resenha crítica do filme VIVER DUAS VEZES
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Resposta:
Há várias possibilidades de Viver Duas Vezes arrancar lágrimas e sorrisos. E caso tais reações venham, fica o convite ao espectador de se perguntar se o sentimento é genuíno ou parte de truques do filme. Será que você está se emocionando pelo tema ou pela forma como o tema é exposto?
Pois o que temos é o check list do clichê em uma bomba emotiva: road movie, melodrama, pitadas de comédia, conflito de gerações, disfunções tecnológicas, criança sagaz, complicações no relacionamento, doença mental, um personagem rabugento… está tudo ali, atirando para todos os lados.
O problema não está em usar esses artifícios, mas no como eles são usados. Aqui, apenas com movimentos marcados e reações exageradas, tudo que quer contribuir para um suposto sentimento, na realidade afasta do filme. Exatamente por gritar: “olha, hora de chorar”, “agora, uma pausa para rir de algo bobo”.
Falar dos atores veteranos seria chover no molhado – e eles de fato estão ótimos, então destaco a jovem Mafalda Carbonell como Blanca, no primeiro filme da carreira. Ainda é possível perceber alguns posicionamentos e reações que podem melhorar, mas no geral há carisma e sinceridade. Já os coadjuvantes para fora da família deixam muito a desejar, as aparições pesam que são atores que decoraram as falas e não um personagem real daquele universo. Qualquer intervenção externa tira ainda mais a imersão do filme.
Também digno de nota, vale ressaltar que o quarteto principal tem alguma camada a mais. Por exemplo, o protagonista Emílio não é só alguém com alzheimer, ele tem outras características. A neta poderia ficar restrita à questão tecnológica, mas ela tem um interesse amoroso, uma má formação na perna e personalidade distinta. E o casal Felipe e Julia também possui conflitos próprios principalmente relacionado às profissões, apesar de ser uma piada um pouco sem evolução narrativa e de desenvolvimento apressado, apesar de um bom final para esse arco.
Como não raro em filmes do estilo há uma barriga em uma perseguição por pistas falsas e um esticar no terceiro ato ao não saber a hora de parar. Ripoll tem a necessidade de fechar todas as pontas, sem qualquer sutileza.
Viver Duas Vezes parece o típico filme feito pelo algoritmo da Netflix para agradar grandes públicos. Não é de todo ruim, mas se apoia em fórmulas fáceis.