Remexia sutilmente em todas as gavetas abertas, vasculhava em todos os papéis atirados. Tinha um modo de andar ligeiro e surpreendedor. Examinava as visitas. Andava à busca dum segredo, de um bom segredo! Se lhe caía um nas mãos!
Era muito gulosa. Nutria o desejo insatisfeito de comer bem, de petiscos, de sobremesas. Nas casas em que servia ao jantar, o seu olho avermelhado seguia avidamente as porções cortadas à mesa; e qualquer bom apetite que repetia exasperava-a, como uma diminuição da sua parte. De comer sempre os restos ganhara o ar agudo – o seu cabelo tomara tons secos, cor de rato. Era lambareira1; gostava de vinho; em certos dias comprava uma garrafa de oitenta réis, e bebia-a só, fechada, repimpada, com estalos da língua, a orla do vestido um pouco erguida, revendo-se no pé.
QUEIRÓS, Eça de. O primo Basílio.
Cotia (São Paulo): Ateliê Editorial, 1998. p. 124.
Glossário:
1. lambareira: gulosa.
O fragmento do romance de Eça de Queirós traz um exemplo de discurso indireto livre, no trecho:
A
Examinava as visitas.
B
Se lhe caía um nas mãos!
C
Era muito gulosa.
D
De comer sempre os restos ganhara um ar agudo.
E
Era lambareira.
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A alternativa correta é a letra D: De comer sempre os restos ganhara um ar agudo.
O discurso indireto livre é definido como aquele que existe tanto a intervenção do narrador, quanto das personagens. Isto é, uma mistura de indireto com direto.
Portanto significa que o narrador emitiu a sua opinião, como se fosse o próprio personagem falando.
Existem outros tipos de discursos:
O discurso direto é a fala da própria pessoa que atua.
Por sua vez, o discurso indireto há uma interferência do narrador na fala da personagem.
Abraços!
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