Releia o trecho abaixo, retirado do livro Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa (2011), de Paulo Freire, e responda a seguir: “O professor trouxera de casa os nossos trabalhos escolares e, chamando-nos um a um, devolvia-os com o seu ajuizamento. Em certo momento me chama e, olhando ou re-olhando o meu texto, sem dizer palavra, balança a cabeça numa demonstração de respeito e de consideração. O gesto do professor valeu mais do que a própria nota dez que atribuiu à minha redação. O gesto do professor me trazia uma confiança ainda obviamente desconfiada de que era possível trabalhar e produzir. De que era possível confiar em mim mas que seria tão errado confiar além dos limites quanto errado estava sendo não confiar. A melhor prova da importância daquele gesto é que dele falo agora como se tivesse sido testemunhado hoje. E faz, na verdade, muito tempo que ele ocorreu... Este saber, o da importância desses gestos que se multiplicam diariamente nas tramas do espaço escolar, é algo sobre que teríamos de refletir seriamente. É uma pena que o caráter socializante da escola, o quehá de informal na experiência que se vive nela, de formação ou deformação, seja negligenciado. Fala-se quase exclusivamente do ensino dos conteúdos, ensino lamentavelmente quase sempre entendido como transferência do saber. Creio que uma das razões que explicam este descaso em torno do que ocorre no espaço-tempo da escola, que não seja a atividade ensinante, vem sendo uma compreensão estreita do que é educação e do que é aprender. No fundo, passa despercebido a nós que foi aprendendo socialmente que mulheres e homens, historicamente, descobriram que é possível ensinar. Se estivesse claro para nós que foi aprendendo que percebemos ser possível ensinar, teríamos entendido com facilidade a importância das experiências informais nas ruas, nas praças, no trabalho, nas salas de aula das escolas, nos pátios dos recreios, em que variados gestos de alunos, de pessoal administrativo, de pessoal docente se cruzam cheios de significação. Há uma natureza testemunhal nos espaços tão lamentavelmente relegados das escolas.” (FREIRE, 2011, p. 62) Elabore um comentário, evidenciando o que você entendeu desse fragmento.
Soluções para a tarefa
Olá!
Paulo Freire nos apresenta que a essência do indivíduo está ligada a evolução do mesmo, assim como o tempo, onde devemos também levar em consideração que não somos apenas um, fazemos parte de um universo, que é coletivo, sendo exterior à nossa consciência, porém faz parte do todo.
Por isso, ele destaca a organização escolar como uma parte crucial no processo de transmissão do conhecimento, traçando um paralelo com a educação tradicional nomeada pelo autor como "bancária" para a pedagogia libertadora que tem como principal objetivo a construção do senso crítico do aluno.
Vale ressaltar que Paulo Freire foi um grande pedagogo que influenciou diversas práticas didáticas como a pedagogia libertadora (citada acima), sendo uma grande contribuição para a escola nova.
Até mais!