referência de heroísmo na sociedade
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Resposta:
LEITURAS DO ABCD
A cada instante, nossas crianças e jovens são testados pelo intenso estímulo da cultura de massa, com informações contraditórias sobre o Bem e o Mal. É um grande desafio para eles, nos dias de hoje, vencer esses testes pelo caminho das virtudes.
Nesse cenário, para os pais e educadores, a figura do Herói pode ser um grande aliado. Afinal, um herói pode vencer suas batalhas internas, encontrar a força dentro de si para nadar contra a correnteza de um modo de vida imposto pela sociedade atual.
Vivemos em um modelo social que abrevia cada vez mais a infância e distancia a criança do contato com sua riqueza interior, seu mundo “faz-de-conta”, de livre imaginação e criatividade. Nossa sociedade atual reduz a criança a um mini-consumidor, com comportamentos padronizados e estereotipados. Isso tudo tem trazido ao universo infantil, alguns dos graves problemas de saúde do mundo adulto como ansiedade, pânico e obesidade, além da erotização precoce, agressividade, déficit de atenção, entre outros.
Estimuladas desde pequenas a valorizar o TER, como uma fórmula de felicidade instantânea, essas “crianças do consumo” transformam-se em jovens permeados pela ilusão de que a felicidade é algo que se pode comprar no cartão de crédito.
Como passaram sua infância em um tipo de vida muito superficial, adquirindo objetos e mais objetos, que logo seriam descartados, se alimentando como se a comida fosse mais um brinquedo com marcas de seus personagens preferidos, relacionando-se intensamente com artigos eletrônicos, entre outras coisas, perdem a oportunidade de treinar o seu amadurecimento por meio do brincar livre, de uma alimentação natural e do contato com a Natureza.
Em sua maioria, tornam-se jovens que têm um comportamento inspirado nos personagens da mídia de entretenimento que os fazem parecer fortes, por um modo de falar agressivo, denso. Aprendem nessa cultura que ser moderno e inteligente é ser amoral, nervoso, agitado… Mas essa artificial força vem apenas de um modelo padrão da cultura midiática.
A fragilidade interna que apresentam é imensa. Ansiosos, acelerados, respirando sofregamente, sentem-se em pânico por não saberem para onde estão indo, por não ter metas e objetivos consistentes, por não saber lidar com suas tumultuadas emoções, ainda mais acentuadas pela puberdade e pela dificuldade em trafegar em um modelo social tão pouco acolhedor, até mesmo dentro de seu grupo social estudantil.
Entram também, muitas vezes, em profundo tédio com as coisas simples da vida, por estarem viciados em emoções da TV, do vídeo-game e procuram satisfazer esse vazio com mais “novidades do mercado”. Seguindo na juventude o mesmo modo de vida que foi cultivado desde sua infância, esse jovem vai buscar, externamente, alguma solução para aliviar de modo instantâneo suas angústias. Procura adquirir algo que o alivie de sua timidez, da dor de uma perda ou de sua baixa autoestima, através de objetos que lhe dêem o falso sentimento de superioridade, ou do uso do álcool, cigarro ou drogas. Afinal, esse é o modelo de referência que lhe é apresentado pela massificada cultura de entretenimento infanto-juvenil. Acabam, eles mesmos, vivendo como se fossem objetos de consumo, oferecendo-se na vida como se fossem mais um produto a ser adquirido no mercado e não um ser humano, em uma vaidade excessiva e erotizada.
Sócrates, na Grécia Antiga, desenhou a base da verdadeira educação: “Conhece-te a ti mesmo”. A autoanálise, a introspecção e a meditação permitem esse ambiente interior calmo, necessário para que também nós, pais e educadores, possamos perceber que exemplo estamos sendo para nossos jovens em termos de paciência, calma e perseverança.
Identificando em nós mesmos essa ânsia em adquirir objetos desnecessários, em dispensar um tempo excessivo aos meios eletrônicos, em viver de modo desequilibrado, fazendo uma análise de que forma estamos nos relacionando com os seres que caminham ao nosso lado, percebemos, muitas vezes, que também estamos deixando adormecer nosso Herói Interior. Voltar para o centro, cultivar o autoconhecimento, é permitir o desenvolvimento do nosso próprio potencial de infinitas qualidades, da dimensão interior onde todo ser humano se realiza, transcende e ultrapassa suas tristezas e limitações. Só assim, podemos sugerir essas mesmas portas de acesso a uma felicidade perene para as crianças e jovens que estão ao nosso redor.
Somente depois de percorrermos a nossa própria estrada interna, e aprendermos a desviar dos obstáculos com a força da verdade de nossos corações, podemos orientar esse caminho para nossos jovens. Auto-educação é a única via que pode nos trazer a força da coerência entre pensamento, palavra e ação. Gandhi diz: “Seja você, a mudança que quer ver no mundo”. Sejamos nós, a mudança que queremos ver em nossos filhos, em nossos alunos.