Português, perguntado por guilhermejesus2500, 10 meses atrás

redija um texto dissertativo-argumentativo em norma-padrão da língua portuguesa sobre o tema “O histórico desafio de se valorizar o professor”. minimo 15 linhas

Soluções para a tarefa

Respondido por gabrielrook56
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Há várias passagens de escritores famosos, como Jorge Amado em Nasce um

escritor, Cecília Meireles na crônica Rabindranath, pequeno estudante, que comentam o aprisionamento representado pela escola. Cecília fala da “experiência de uma criança maravilhosamente dotada, esforçando-se por libertar-se da rotina escolar, da

memorização e do acúmulo de disciplinas que os professores, embora zelosos, se

esforçavam por incutir-lhe.” Mas isso foi há quase um século.

Houve um tempo (há quase meio século) em que nos vimos obrigados a abandonar

os prados-palco, as conchas com perfume de mar, as margaridas-sol, a boneca de pano, o

riso-carícia dos irmãos, a pipa, o carrinho de madeira sem eira nem beira, o pé de pitanga-

açúcar, a amarelinha rabiscada, o cãozinho amigo, o ovo de lagartixa do buraco da parede,

o colar de rabo-de-gato e florezinhas miúdas de cor maravilha, colhidas ao lado do trilho

de trem, o trono denso e escultural do buxinho da casa da vovó, a bola da Bela, o cheiro

bom do bolo de chocolate, do mingau de maisena com canela.

Tal manifestação de vida, que de tão belo e forte pulsar poderia nos tolher a

vontade de seguir o rumo da escola, na verdade nos fortalecia para uma espécie de missão

sagrada, pois as vozes de nossos pais, tios, avós repetiam diariamente: “Estude e terá uma

vida melhor que a nossa.” “O estudo é a única herança que lhe podemos deixar.” – Sábias

vozes que sabiam porque viviam, sentiam e falavam, interagiam na e pela linguagem.

Não sei se era só isso, mas de alguma forma a escola se impregnava de uma magia

rara, algo se escondia em suas paredes, maior e bem mais forte que o frágil ovo da

lagartixa. Dessa forma, até o couro rude que nos acompanhava no sapato simples e único

e na bolsa pequena, tinha um cheiro inebriante. Não era difícil carregar um caderno, uma

cartilha ou um livro, um lápis, uma borracha, uma régua, uma caixinha de giz-de-cera

colorido, uma caneta-tinteiro para ocasiões especiais, como a hora da composição

inspirada em grandes painéis representando aquelas mesmas simplicidades da vida.

Nesse momento, com certeza, voltávamos ao nosso lar, à montanha, ao mar, às

flores, tecendo com eles, lápis e imagens singelas, as linhas-engatinhantes, tênues,

errantes que foram tomando corpo de linhas-juventude, ora exuberantes, ora angustiantes

ou angustiadas, ora amáveis ou amantes, ora descrentes, entediadas.hoje linhas-adulto,

seguras, cobradas, até linhas-professor.

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