Português, perguntado por filipeg0mes, 1 ano atrás

Redação: Voto, por que é obrigatório no Brasil

Soluções para a tarefa

Respondido por luizabrenda20
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as causas públicas, pesquisas sobre o funcionamento real

das democracias ocidentais costumam provocar um grande

sentimento de frustração. Como os cientistas políticos vêm

há décadas procurando demonstrar, a idéia de uma opinião

pública autônoma, composta por indivíduos independentes

e dotados de grande discernimento político, não

se verifica nem mesmo nas maiores e mais estáveis democracias

ocidentais.

Pelo contrário, importantes pesquisas empíricas, realizadas

a partir da década de 40, foram desvendando hábitos

e atitudes de um homem médio pouco participativo

e alheio a movimentos e organizações políticas. A intensidade

da participação dos cidadãos pode variar substancialmente

de uma nação para outra, mas não existe caso

conhecido em que a maioria da população de um determinado

país se encontre ativamente engajada em organizações

políticas.

Observa-se que as oportunidades oferecidas pela sociedade

diferem profundamente e essa base social interfere,

produzindo graus de motivação e interesse bastante

diversos. Não existem meios conhecidos de se estabelecer

uma eqüidade entre o grau de participação e a influência

que os indivíduos possam exercer sobre os governos.

Formas diferenciadas de organização e pressão políticas

resultam, igualmente, em capacidades de influência muito

diversas. Para muitos autores,4

participar politicamente

é o momento final de um longo processo, que se encontra

relacionado à capacidade de ler, falar, pensar e agir.

Visto sob este prisma, o preceito constitucional de que

cada indivíduo vale um voto transforma o ato de votar no

único mecanismo de expressão política que mantém a

eqüidade entre os cidadãos.

Com base na constatação de que os graus de interesse

e a motivação política variam muito, criou-se dentro da

ciência política intenso debate sobre a influência dessa

maioria, que é passiva, nos destinos da democracia.

Uma primeira postura, desenvolvida por Robert Dahl,

foi questionar até que ponto a frustração de minorias ativas,

provocada pela vitória da maioria passiva, reflete na

estabilidade democrática. Segundo Dahl, é problemático

considerar que uma maioria pouco motivada possa eleger

um candidato, em detrimento de uma minoria bastante

participativa e interessada, mas que não consegue o

número suficiente de votos para vencer. Segundo o autor,

“transformando ‘o mais preferido’ no equivalente ao

‘preferido pela maioria’ ladeamos deliberadamente um

problema crucial: o que acontecerá se a minoria preferir

sua alternativa muito mais ardentemente do que a maioria

prefere a alternativa contrária? Fará ainda sentido o

princípio da maioria? Coloca-se aqui o problema da intensidade”

(Dahl, 1989:93).

Analisando esta questão, Giovanni Sartori (1994) reafirma

sua crença na institucionalidade liberal, enfatizando

que o papel desses grandes grupos não-militantes é

exatamente imprimir um caráter de comedimento e equilíbrio

ao processo político. Para ele, a centralidade democrática

seria mais facilmente conseguida com essa

variedade de motivações, uma vez que o indivíduo politicamente

engajado costuma ser mais apaixonado que

reflexivo, e às vezes extremista. Na visão de Sartori, a democracia

depende da construção de um “consenso pluralista”

e a maneira mais segura de obtê-lo é desenvolvendo

a qualidade do cidadão médio formador da opinião

pública.

Um terceiro elemento nesta discussão é a observação

empírica de que o grau de motivação e interesse político

relaciona-se à estrutura econômica da sociedade. É sabido

que fatores culturais e socioeconômicos interferem no

grau de interesse dos cidadãos pela política. Conforme a

literatura, as taxas de abstencionismo crescem no momento

em que o corpo eleitoral é ampliado, com a concessão de

direitos às mulheres ou às minorias; por exemplo, são as

mulheres, os indivíduos com menor grau de escolaridade,

os muito jovens e muito idosos e os moradores nas

regiões rurais que costumam participar menos. O nível

de renda é outro fator ponderável.


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