Quincas Borba, mal podia encobrir a satisfação do triunfo. Tinha uma asa de fra ngo no prato, e trincava-a com filosófica serenidade. Eu fiz-lhe ainda algumas objeções, mas tão frouxas, que ele não gastou muito tempo para destruí-las. _ Para entender bem o meu sistema, concluiu ele, importa não esquecer nunca o princípio universal, repartido e resumido em cada homem. Olha: a guerra, que parece u ma calamidade, é uma operação conveniente, como se disséssemos o estalar dos dedos de Humanitas; a fome (e ele chupava filosoficamente a asa do frango), a fome uma prova a que Humanitas submete a própria víscera. Mas eu não quero outro documento da sublimidade do meu sistema, senão este mesmo frango. Nutriu-se de milho, que foi plantado por um africano, suponhamos, importado de Angola. Nasceu esse africano, cresceu, foi vendido; um navio o trouxe, um navio construído de madeira cortada no mato por dez ou doze homens, levado por velas, que oito ou dez homens teceram, sem contar a cordoalha e outras partes do aparelho náutico. Assim, este frango, que eu almocei agora mesmo, é o resultado de uma multidão de esforços e lutas, executados com o único fim de dar mate ao meu apetite. (ASSIS, M. Memórias póstumas de Brás Cubas. Rio de Janeiro: Civilização Brasiliense, 1975). A "filosofia moral" (ética) de Quincas Borba — a Humanitas — contém princípios que, conforme a explanação do personagem, consideram a cooperação entre as pessoas uma forma de
Soluções para a tarefa
Resposta:
b) atender interesses pessoais.
Explicação:
O Humanitismo de Quincas Borba é uma sátira ao positivismo de Auguste Comte, e também uma "sátira" a Teoria da Evolução de Charles Darwin, o que Quincas vê como a lei do mais forte
A filosofia Humanitas de Quincas Borba considera a cooperação entre as pessoas uma forma de atender interesses pessoais.
Quincas Borba é uma produção de Machado de Assis, escritor realista brasileiro. Nessa obra, o personagem principal é Pedro Rubião de Alvarenga, um homem que herdou fortunas de seu conhecido Quincas Borba. Ao longo do texto, o personagem enfrenta uma série de situações negativas causadas pela sua ganância, pelo dinheiro e pelo interesse das pessoas em beneficiar apenas a si próprios.
Uma das coisas que Quincas Borba deixa a Rubião é a filosofia do Humanitismo, o princípio de tudo. A filosofia do humanitismo (Humanitas) está descrita na história abaixo, retirada da obra de domínio público:
“Supõe tu um campo de batatas e duas tribos famintas. As batatas apenas chegam para alimentar uma das tribos que assim adquire forças para transpor a montanha e e ir à outra vertente, onde há batatas em abundância; mas, se as duas tribos dividirem em paz as batatas do campo, não chegam a nutrir-se suficientemente e morrem de inanição. A paz nesse caso, é a destruição; a guerra é a conservação. Uma das tribos extermina a outra e recolhe os despojos. Daí a alegria da vitória, os hinos, aclamações, recompensas públicas e todos os demais feitos das ações bélicas. Se a guerra não fosse isso, tais demonstrações não chegariam a dar-se, pelo motivo real de que o homem só comemora e ama o que lhe é aprazível ou vantajoso, e pelo motivo racional de que nenhuma pessoa canoniza uma ação que virtualmente a destrói. Ao vencido, ódio ou compaixão; ao vencedor, as batatas”.
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