Questão 2 - NATUREZA x CULTURA NA MODERNIDADE A separação entre natureza e cultura a partir do entendimento que a natureza deve ser dominada pela cultura é responsável pelo atual desequilíbrio da ecologia planetária promovido pelos seres humanos. É comum usarmos os conceitos de natureza e cultura como distintos e até opostos. No entanto, muitos dos costumes que nos são comuns foram construídos historicamente a partir de interesses específicos. A separação entre natureza e cultura foi uma construção historicamente conduzida pelas sociedades modernas e é responsável pelas crises convergentes que vivemos hoje. Os povos indígenas nem mesmo têm palavras para descrever algo como natureza e cultura porque as entendem como mutuamente dependentes. E nós, porque as separamos? E quais as consequência disso? O que desconhecemos tendemos a tomar como inexistente. E o que conhecemos tendemos a tomar como a versão mais bem acabada da realidade. Assim, tomamos como certo que a maneira como entendemos o mundo, isto é, nossa cosmologia ou cosmovisão, é aquela que melhor traduz a realidade do mundo. Esquecemos, no entanto, que essa visão de mundo foi construída historicamente. Ignoramos, ademais, que cosmovisões e paradigmas traduzem o que a mente humana e os sistemas de conhecimento da época eram capazes de traduzir sobre a complexidade do mundo. Mas, que com o tempo eles se tornam obsoletos ora porque o mundo já não é mais o mesmo, ora porque nos damos conta que aquela forma de compreendê-lo não consegue torná-lo compreensível mais. A visão de mundo moderna nasce da divisão entre natureza e cultura A nossa visão de mundo atual foi construída no advento da modernidade. Ou seja, no período marcado pelo renascimento científico com a dessacralização do mundo e emergência das ciências fragmentadas. Nesse contexto, o adjetivo moderno tem apontado para uma ruptura na passagem do tempo, isto é, para o início de um novo regime, uma aceleração no e do tempo, uma revolução. Assim, a noção de moderno acaba por representar um combate entre vencedores e vencidos estabelecendo um antagonismo entre sociedades modernas constituindo a “Idade das Luzes” versus sociedades não-modernas representativas de uma “Idade das Trevas”. Com a dessacralização do mundo e a hegemonia conquistada pelas ciências de base cartesiana e newtoniana, a modernidade se estabelece a partir da divisão entre o que é considerado natureza e o que é cultura; o que é humano e o que é não-humano; o que tem agência, intencionalidade e subjetividade e o que é objetivo e inerte; entre o conhecimento (da natureza) e o poder (da cultura/sociedade). Então, tem-se, de um lado, a natureza e seus porta-vozes cientistas transformando-a em ciência; do outro lado, os políticos, porta-vozes da cultura transformada em política. No entanto, não foi sobre natureza no sentido científico que os modernos realmente se ocuparam. É a natureza no sentido da economia que teve um papel definitivo na modernização. “Essa divisão entre natureza e cultura é, sobretudo, uma forma de se fazer política, de reunir as coisas em duas coletividades, por razões que vêm da própria modernidade” (LATOUR, 2009, p.
4). A modernidade nasce, assim, de dois Grandes Divisores que se constituem como um ideal e uma ideologia definindo a forma como os modernos vêem a si mesmos e aos outros. O Grande Divisor Interno opera na separação entre natureza e cultura gerando divisões subsequentes entre objeto e sujeito, coisa e pessoa etc. Com a exportação do Grande Divisor Interno para a relação com o outro, estabelece-se o Grande Divisor Externo. Através do Grande Divisor Externo, os modernos separaram, de um lado, o ocidental que representa a natureza como ela é; e no outro lado encaixaram as culturas tradicionais que representariam a natureza de forma subjetiva, e por isso, limitada e inadequada. Os ocidentais modernos seriam, assim, superiormente diferentes dos outros, pois dominaram a natureza através da ciência. Ambos divisores, interno e externo, têm o mesmo padrão colonial: a cultura dominando a natureza seja a natureza enquanto recurso seja a natureza enquanto homem selvagem.
1)Descreva porquê de acordo com o texto devemos entender a natureza para vivermos na modernidade?
Soluções para a tarefa
Resposta:
Naquela interpretação, a natureza é expressa como uma construção social, pois como afirmou o autor, natureza é tudo que não é individual. Isto é, natureza é tudo aquilo que permite a localização do sujeito-corpo no mundo (social). Para obter boas colheitas, criar animais ou outros recursos naturais o homem precisa contar com a regularidade de determinados ciclos naturais que nem sempre acontecem de forma previsível. Durante a Antiguidade, essa relação de dependência do homem com a natureza fundou muitas das crenças religiosas desse período.Acontece, portanto, após o início da era moderna, mais precisamente após o início do século XVII, com a euforia do poder explicativo e transformador da ciência, uma revolução cultural (e comportamental) que culmina com a consolidação gradativa da nova visão de mundo moderna.
Explicação:
Espero que ajude ❤️