Português, perguntado por evelynkaunevolker, 8 meses atrás

quero ver uma dissertação onde demonstre atos de corrupção praticado pela sociedade ​

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Respondido por joycesb66
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Resposta:

Novamente o Brasil passa por uma série de escândalos públicos, o que tem sido uma situação constante. No entanto, a corrupção no Brasil atual é muito mais profunda. Acredito que somente uma pequena parte dos casos seja descoberta. A maior parte fica escondida nas entranhas públicas, não vem à tona. Falar em corrupção é difícil, afinal, com quais parâmetros uma pessoa pode ter convicção de que não é corrupta ou nunca foi? Todos estamos suscetíveis a esse mal, que tanto aflige, nós brasileiros.

Lembro-me de um professor da disciplina de Antropologia Jurídica... No primeiro período do curso de Direito ele dizia: “quem nunca furou uma fila? Quem nunca estacionou em uma vaga reservada para deficiente? Quem nunca usou Microsoft Windows pirata e até comprou um CD naquela “banquinha”, de três reais?” e isso eu considero apenas um rol exemplificativo (numerus apertus), difícil seria elaborar um rol taxativo (numerus clausus), pois são tantas as formas de “corrupção”, ficaria o dia inteiro redigindo.

O brasileiro já tem a fama de corrupto, o famoso “jeitinho brasileiro”, expressão comumente utilizada, revela parte disso. Mas será mesmo que o Brasil é um país só de corruptos? Tenho certeza que não, mas não posso afirmar que todos são honestos. Não quero pregar aqui, um discurso de moralidade. Mas quero lembrar que, sim, “pequenos desvios de conduta” estão no dia a dia do brasileiro.

Confesso que uma vez, voltando do trabalho, estava muito cansado e só tinha uma vaga, em um lugar preferencial após a catraca. O cansaço não me deu outra escolha e sentei-me naquele lugar, mesmo sabendo que entraria várias pessoas naquele mesmo coletivo e que em alguns instantes teria que ceder a vaga. Dentro de alguns instantes entrou uma senhora (de idade já avançada) no ônibus e, você deve estar imaginando... Ah, ele se levantou e cedeu o lugar pra senhora. Errado, eu fingi estar dormindo, isso mesmo! Estava muito cansado e me achei no direito de ocupar aquele lugar, enquanto que a senhora ficara em pé. Nunca imaginei que aquilo se tratava de uma corrupção, era tudo “exceção”, como o indivíduo que estaciona em vaga reservada para deficientes... “só foi por um minuto”, “não tinha ninguém”, “não tinha outra vaga”.

Sonegar Imposto de Renda, pagar para tirar carteira de habilitação (CNH), falsificar carteirinha de estudante para pagar meia entrada, apresentar atestado médico para justificar aquela falta à faculdade ou ao trabalho (confesso que uma vez pensei nisso), trafegar em velocidade acima da permitida da via, reduzindo ao passar pelo radar e, logo após, aumentar a velocidade novamente, extrapolando os limites da via (não tenho carro ainda, mas se tivesse, confesso que seria uma atitude a ser repensada), enfim, todas essas atitudes que costumamos tomar não acreditando tratar-se de corrupção, na verdade são.

Atitudes consideradas pela maioria de nós como comuns, podem ser um desvirtuamento ético. Então, os escandalosos casos de corrupção (como o da Lava-jato) são reflexos da nossa sociedade? Não, diferente disso. “Precisamos separar o trigo do joio”. Você, que lê este texto, mesmo que tenha tomado alguma das atitudes acima, não pode ser comparado com um corrupto do esquema da Petrobrás que recebeu milhões em propina, por exemplo. Não podemos justificar tamanha corrupção que estamos vendo ao comportamento do brasileiro, não podemos banalizar a corrupção.  Mas o que vem tirando a nossa paciência e nos deixando incomodados é a corrupção gerada pelo governo, como mencionada no início do texto. Enquanto pagamos a dívida, os bolsos dos corruptos estão cada vez mais cheios. Viver em um país governado por cleptocratas ladrões, desculpe-me a redundância, é algo muito complicado, pois na cleptocracia quem fiscaliza é o próprio corrupto. Esta expressão – cleptocracia - significa “Estado governado por ladrões” e, este termo desgostoso é utilizado para fazer referência a países que possuem governantes que tomam suas próprias decisões, pensam em si próprios, em seus interesses pessoais em detrimento dos da nação. Infelizmente o Brasil vive essa realidade, quem dera fosse mera ilusão.

É plausível que em um contexto social, como este que vivemos, com ineficácia das normas, a corrupção encontre estímulos abundantes. Terreno fértil para os cleptocratas. Nossa cultura, e aqui reforço a ideia do exemplo do professor, supracitado no texto, promove condições para o crescimento e favorecimento da corrupção (assim é também na cleptocracia). Reina entre nós o relativismo moral, tudo é flexível, até a ética. Os políticos de hoje se autoproclamam corruptos e nada acontece. Mas vamos ter esperança, “não há bem que sempre dure, nem mal que nunca se acabe.” Essa é a minha expectativa e a de muitos também.

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