Quero saber sobre os pre - socraticos , mudanças ?
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Deus e o MundoA filosofia manifesta-se, no seu nascimento, como ciência por excelência, como aquela primeira tentativa de compreender de modo racionalmente justificado a natureza ou physis, sem apelar para uma realidade sobrenatural, como fazem a narrativas míticas ou a religião. Todavia, compreender a natureza ou physis, nas suas constantes mudanças e transformações, implica compreender aquilo que causa tais mudanças e transformações, e que, portanto, estaria por detrás da manifestação dos fenômenos naturais. Trata-se, assim, de conhecer a estrutura íntima inscrita no próprio ser das coisas; trata-se, pois, de um discurso sobre o ser, um logos do Ens, isto é, uma ontologia ou metafísica. Ao mesmo tempo, como se refere ao ser de todas as coisas, àquilo pelo qual as coisas são e na ordem em que são, àquilo que faz com que o mundo seja mundo, um cosmos, então, essa ontologia é mais propriamente uma cosmologia.O estudo da física, portanto, o qual nasce por obra da filosofia, como sendo sua primeira manifestação, é indissociável, na sua origem, da metafísica. Trata-se de fornecer uma explicação geral e última de toda a natureza.Como também vimos na aula anterior, as primeiras cosmologias, aquelas da Escola de Mileto, representada por Tales, Anaximandro e Anaxímenes, forneceram uma explicação materialista do primeiro princípio ou causa primeira. Para Tales, aquilo do que se originam todas as coisas é a água. Ele havia observado que aonde há água há vida, as sementes são úmidas e necessitam de umidade para gerar, todos os seres vivos necessitam dá água para viver e se desenvolver; as coisas mortas se ressecam.O filósofo alemão Hegel, assim interpretou essa primeira concepção filosófica:“A proposição de Tales de que a água é o absoluto ou, como diziam os antigos, o princípio, é filosófica: com ela, a filosofia começa, porque através dela chega-se á consciência de que o um é a essência, o verdadeiro, o único que é em si e para si. (...). Os gregos consideraram o sol, as montanhas, os rios, etc., como forças autônomas, honrando-os como deuses, elevados pela fantasia à condição de seres ativos, móveis, conscientes, dotados de vontade. Isto cria em nós a idéia da pura criação pela fantasia – animação infinita e universal, figuração, sem unidade simples. Com a proposição de Tales silencia-se a imaginação selvagem, infinitamente colorida, de Homero; a multiplicação de um infinidade de princípios, toda esta representação de que um objeto singular é algo que verdadeiramente subsiste para si, que é uma força para si, autônoma e acima das outras, é superada, e, assim, afirma-se que só existe um universal, o ser universal em si e para si, a intuição simples e sem fantasia, o pensamento de que apenas o um é. (...). O ponto de vista filosófico é que somente o um é a realidade verdadeiramente efetiva: o real deve se tomado aqui em sua alta significação – na vida cotidiana [ao contrário] chamamos tudo de real”.Depois de Tales, veio Anaximandro, seu discípulo, para quem não era água e nem qualquer outro elemento, como o ar, o fogo ou a terra, mas uma matéria primeira, indeterminada e ilimitada, que ele chama de Ápeiron. Nesta mudança de concepção, o filósofo alemão Nietzsche, observa que um ser que possui propriedades determinadas, como a água, nunca pode ser a origem e princípio das coisas, daí porque Anaximandro teria concluído que o que é verdadeiramente não pode possuir propriedades determinadas, senão teria nascido e perecido como todas as outras coisas. “Para que o vir-a-ser não cesse, ele precisa ser indeterminado. (...) O ser originário, assim denominado, está acima do fluxo do vir-a-ser, e, justamente por isso, garante a eternidade e o curso interrupto do vir-a-ser [o fluxo de todas as coisas]. Essa unidade última naquela indeterminação, matriz de todas as coisas, por certo só pode ser designada negativamente pelo homem, como algo que não pode ser dado predicado no mundo do vir-a-ser que aí está ” (A Filosofia na Época Trágica dos Gregos).Um famoso fragmento de Anaximandro, sobre cuja interpretação os tradutores e os filósofos muito divergem, Nietzsche traduz assim: “De onde as coisas têm seu nascimento, ali também elas devem ter seu fim, segundo a necessidade; pois têm de pagar penitência e ser julgadas por suas injustiças, conforme a ordem do tempo”. Segundo Nietzsche, Anaximandro já não mais teria tratado a pergunta pela origem do mundo de maneira puramente física: “se ele preferiu ver na pluralidade das coisas nascidas, uma soma de injustiças a serem expiadas, foi o primeiro grego que ousou tomar nas mãos o novelo do mais profundo dos problemas éticos. Como pode perecer algo que tem o direito de ser? De onde vem aquele incansável engendrar e vir-a-ser, de onde vem aquela contorção de dor na face da natureza, de onde vem o infindável lamento mortuário em todo o reino do existir” (Ibid).
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