quem foram os urbanistas? qual era a proposta deles para as cidades
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Resposta:
O urbanismo, enquanto disciplina, nasceu como uma reação aos problemas trazidos pela Revolução Industrial. Após a intensa industrialização experimentada nessa época, as cidades sofreram um enorme crescimento populacional ocasionado principalmente pelo êxodo dos trabalhadores rurais em direção às cidades, em busca de empregos e melhores condições de vida. Isso ocasionou uma grande deterioração da qualidade de vida, principalmente por fatores ligados aos aspectos físico-ambientais (sujeira, lixo, doenças, esgoto, densidades excessivas, etc.), que por sua vez ocasionou o surgimento de um novo campo disciplinar que se pretendia científico: o urbanismo.
Pelo fato de, até então, as intervenções sobre a cidade serem eminentemente de caráter espacial, foram os arquitetos quem tomaram a frente dessa nova diciplina, impondo sua forma de ver a cidade (Taylor, 1998). Com efeito, segundo Kohlsdorf (1985, p. 24), “os urbanistas são, geralmente, arquitetos”.
Entre os primeiros urbanistas estão Tony Garnier, Walter Gropius, Ebenezer Howard, Camillo Sitte e, é claro, Le Corbusier. Suas propostas eram de caráter eminentemente físico, como não poderia deixar de ser, e envolviam preocupações com aspectos como a distribuição das diferentes funções pela cidade, o traçado urbano, a distribuição de densidades e a localização e o desenho das áreas verdes, bem como preocupações com os aspectos estéticos.
Estas propostas eram curiosamente distantes dos problemas enfrentados pelas cidades reais, no sentido de que não se propunham a intervir sobre elas para solucioná-los, mas sim propor esquemas considerados como modelos ideais a partir dos quais seriam criadas as condições para uma sociedade mais feliz. Esses esquemas seguiam a tradição da prática arquitetônica e propunham um projeto “final” para a cidade, a ser atingido num horizonte de tempo indeterminado. Esses projetos tinham um nível de detalhamento considerável, através do qual os urbanistas buscavam eliminar as incertezas reduzindo ao máximo as variações possíveis.
Por esse motivo, eram chamados de master plans, ou ainda blueprint plans. Ebenezer Howard, por exemplo, previa suas cidades-jardins com estruturas radiais compostas por 6 bulevares de 36m, formando 6 distritos ou partes iguais.
Além disso, o urbanismo dessa época não era baseado na experiência e na pesquisa sobre o modo de funcionamento das cidades. Taylor (1998, p. 14) argumenta que
Os planos e as decisões de planejamento eram feitos geralmente baseadas na intuição ou, ao invés disso, baseadas em concepções estéticas simplistas da forma urbana […].
Apesar disso, muitos dos modelos de cidade foram efetivamente levados a cabo, ainda que de maneira incompleta, em diversos lugares do mundo e com resultados os mais diferentes. No Brasil, um dos exemplos mais ilustres: Brasília.
Em outro post, falaremos sobre a mudança ocorrida na forma de ver a cidade, que passou a ser entendida como um sistema dinâmico, no qual o processo de desenvolvimento, portanto, adquiriu importância especial.
Referências bibiográficas
KOHLSDORF, Maria Elaine. Breve histórico do espaço urbano como campo disciplinar. In: GONZALES, Sueli et al. O espaço da cidade – contribuição à análise urbana. São Paulo: Projeto, 1985.