Quem foi Mahatma Ghandhi?
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Resposta:
Fonte - ufrgs.br
Aqui uma explicação que foge do somente " idade, onde nasceu, filhos etc". Algo que mostra seu trabalho e como de muitos pensadores e filósofos que possam explicar sua influência
Explicação:
Gandhi e a história
A vida de Mohandas K. Gandhi tornou-se pública a partir da sua luta pelos direitos dos
indianos na África do Sul, e, daí em diante, um crescente interesse em torno da sua figura, dos
seus pensamentos e ações torna-se manifesto pela cobertura que a imprensa lhe dá. A
imprensa, aliás, era chamada a todo instante para revelar ao mundo o que se passava com os indianos diante da dominação britânica. Tratava-se de estratégia política de Gandhi e do
movimento pela independência. Jornalistas de diversas localidades passaram a ir à Índia para
conhecer de perto o Mahatma. A sua popularidade era tremenda. Muitos escreveram sobre
Gandhi desde então, sob diversos enfoques, ora mais religiosos ora mais políticos,
cristalizando com o tempo a sua imagem como a do “apóstolo da não-violência” (uma ótima
revisão bibliográfica encontra-se na obra Gandhi de Claude Markovits (MARKOVITS,
2000)). A culminância de sua popularização se dá em 1982, com o filme Gandhi que chega
aos cinemas. Dirigido por Richard Attenborough e estrelado por Ben Kingsley, a produção foi
premiada com nove Oscar, incluindo Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Ator e Melhor
Roteiro Original. Trata-se de um épico muito fiel à biografia escrita por Louis Fischer em
1954: Gandhi, his life and message for the world. Ambas as obras focam na ação e no
discurso de Gandhi para levar ao público um patrimônio histórico da humanidade e a
mensagem grandiosa de um mestre. É mais do que um elogio, trata-se de reverenciar um
personagem tão impressionante que beira o mítico, mas justamente por isso exige o registro:
“as próximas gerações dificilmente acreditarão que uma pessoa como esta, em carne e sangue,
andou por esta terra” disse Albert Einstein.
Registrar, documentar e relatar são os procedimentos que permitem que o acontecido
entre para a história. A vida de Gandhi, apesar de já fazer parte da “grande História” (a
história mundial, organizada a partir do recorte espacial dos Estados-Nação ou das
civilizações, com temáticas geradas em função de categorias advindas geralmente do
pensamento político) por constituir parte fundamental do processo de liberação da Índia do
domínio colonial inglês, na onda de descolonização do século XX, só pôde ser tão valorizada
(como um modelo ético, um mestre religioso, uma liderança de massas, um político sui
generis, em suma, um sábio de magnitude planetária) por estar muito bem registrada e
exposta nessas obras citadas. Apesar disso, seu papel nos compêndios de história do século
XX parece reduzido ao de um líder nacionalista que muito contribuiu para promover a
independência do seu país. Mesmo tomando em consideração esta menção – correta na sua
limitação –, parece-me que nos falta uma percepção mais aguda a respeito da novidade ética e histórica do seu procedimento de luta política, o satyagraha (firmeza na verdade),
fundamentado no ahimsa, ou não-violência.
Sua estratégia mostrou eficácia e repercutiu, por exemplo, no movimento pelos
direitos dos negros nos EUA, na figura de Martin Luther King. Ignacy Sachs, eminente
economista polonês, é enfático a respeito da importância de Gandhi :
A independência da Índia e a maneira como ela aconteceu, assim como a influência
de Gandhi, deveriam ser objeto de estudo em todas as escolas do mundo, porque é
um caso sem precedentes. Isto é, como um país colonizado consegue se livrar da
dominação do maior império colonial do mundo quase sem derramamento de
sangue? A mensagem é absolutamente extraordinária. Infelizmente, é um caso
isolado na história. Assim mesmo, vale a pena lembrá-lo. Diria que essas lições
deveriam ser dadas certamente já na escola secundária, e quem sabe na primária,
como exemplo de que a humanidade é capaz de coisas bem diversas e isso se
contrapõe evidentemente ao holocausto. (SACHS, 2004, p. 357).
É sintomático, contudo, que a nossa sociedade, em geral tão crente na legitimidade da
violência para confrontar a injustiça e a própria violência, pareça não considerar seriamente a
possibilidade de aplicação da não-violência no âmbito do Estado e na regulação das relações
internacionais. No artigo O homem não violento e sua presença na história, o próprio Ricoeur
tem grande dificuldade em aceitar que a não-violência possa, totalmente, criar a história
(RICOEUR, 1968, p. 225-236). Isto é, no seu entendimento, a violência é um componente
necessário para a transformação histórica. É claro que com esse tipo de pressuposto é inviável
que a crença em uma violência progressista seja posta em questão.