quem eram os mandarins e de que grupo eram originarios
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imperiais desde os Zhou (c.1046 – 256 AC). Foi Confúcio (551 - 479 AC), ainda na mesma dinastia, através da sua formulação do conceito de Homem Superior, o verdadeiro Homem Nobre,Chun Tzu, em alternativa à mera nobreza de sangue, quem consolidou a fórmula dos exames imperiais para acesso à classe dos burocratas, futuramente designados por Mandarins. Poderiam vir de todos os cantos do império, mas teriam de saber de cor os Quatro Clássicos para se candidatarem à ambicionada carreira do Mandarinato, composta por aqueles que Confúcio definiu como Homens de Mérito.
Se o foram não se poderá afirmar nem confirmar, já que as autobiografias e outras grafias têm esse objectivo de adulterar verdades, mas desde pequeno que ouço a expressão chinesa "olhar a cadeira antes de tudo".
Ora sucede que o conhecimento, mesmo que aprofundado, dos Clássicos não outorgava aos mandarins conhecimentos mais do que generalistas.
Estes funcionários tinham, por vezes, um conselheiro chamado Shi Yé,bajulador que os chineses apelidavam de "boca de ouro", cujo principal papel consistia em insuflar o ego do chefe e engendrar planos para benefício do amo e seu.
Guanxi, assim se designa, ainda hoje, na sociedade chinesa, a ancestral rede de "contactos e ligações" que cada um constrói e possui, e com as quais joga. É através do Guanxi que o emigrante escolhe o lugar para onde vai. Primeiro busca alguém da sua aldeia, do seu distrito, da cidade mais próxima da sua aldeia e, assim por diante, se criam laços de empatia regional e de entreajuda. Assim nasceram, pelo mundo, muitas China Towns.
Os mandarins de graus mais baixos eram os mais propensos, querendo ascender, a olhar pela sua "cadeirinha" de pequeno poder, generalistas que eram, incultos para lá dos Clássicos e da caligrafia, indiferentes ou ignaros do gosto pela astronomia que Qianlong alimentava. Muitos deles, pertencentes já aos graus que lhes permitiam frequentar a corte dos Ming, detestaram a presença de Matteo Ricci e, mais tarde, com os Qing, foi Castiglione o alvo, porque ambos eram diferentes, cultos e porque lhes podiam fazer sombra.
Curiosamente, Qianlong gostava de conversar e ouvir Matteo Ricci, o que era causa de considerável desconforto naquele grupo anquilosado, que tradicionalmente cultivava o servilismo, cumprindo farisaicamente os Ritos, além do cuidado com os seusguanxi.
Tais práticas, contrárias à definição confucionista de Homem Superior, iriam necessariamente conduzir ao desgoverno do Império do Meio, tal a confusão que reinou por debaixo do manto da Paz e Harmonia. O exército tornou-se obsoleto, e a própria Cixi, imperatriz Regente, usou caprichosamente o orçamento da marinha para construir o Yihe Yuan, o Palácio de Verão, com o seu famoso barco de mármore.
Tempos de decadência, esses, em que a Regente insistia em ignorar que o seu povo estava minado pelo estupefaciente vendido pelos bárbaros e que teve, como consequência, a cedência de território após duas humilhantes Guerras do Ópio.
As ideias republicanas do Ocidente, trazidas por Sun Yat Seng, agitaram as águas dos patriotas e propiciaram à inevitável queda dos Qing, para que uma outra estrutura se pudesse erguer e, dando lugar à longa marcha, finalmente, fazendo recuperar o orgulho, a riqueza e o prestígio da nação, hoje aberta como no tempo do Renascimento Tang (618 - 907), quando estudantes de Confúcio, oriundos da Coreia e do Japão puderam, eles também, ser funcionários em Chang An.
Sempre que vícios antigos, casados com a ignorância – esse não saber que não se sabe –ressurgem, a tentação dos que cuidam das suas cadeirinhas e dos seus pequeninos poderes, sem conhecimentos tanto dos velhos Clássicos como do pensamento contemporâneo, é a de vestirem os mantos da conveniência para ocultar insuficiências.
Hoje sabe-se quão anacrónico é o mandarinato e sua bafienta burocracia, aliada da velha máxima "se nada fizeres, nenhum mal te acontecerá", causadores do enfraquecimento do país.
E no entanto, ignorando-os, a terra gira, o mundo pula e avança, e tudo acontece sem que, no seu pequeno mundo, dêem sequer por isso.
Aprendida a lição do Passado, é imperativo que, sem guanxis, seja o mérito, a competência e a eficiência a presidirem ao Presente.
Se o foram não se poderá afirmar nem confirmar, já que as autobiografias e outras grafias têm esse objectivo de adulterar verdades, mas desde pequeno que ouço a expressão chinesa "olhar a cadeira antes de tudo".
Ora sucede que o conhecimento, mesmo que aprofundado, dos Clássicos não outorgava aos mandarins conhecimentos mais do que generalistas.
Estes funcionários tinham, por vezes, um conselheiro chamado Shi Yé,bajulador que os chineses apelidavam de "boca de ouro", cujo principal papel consistia em insuflar o ego do chefe e engendrar planos para benefício do amo e seu.
Guanxi, assim se designa, ainda hoje, na sociedade chinesa, a ancestral rede de "contactos e ligações" que cada um constrói e possui, e com as quais joga. É através do Guanxi que o emigrante escolhe o lugar para onde vai. Primeiro busca alguém da sua aldeia, do seu distrito, da cidade mais próxima da sua aldeia e, assim por diante, se criam laços de empatia regional e de entreajuda. Assim nasceram, pelo mundo, muitas China Towns.
Os mandarins de graus mais baixos eram os mais propensos, querendo ascender, a olhar pela sua "cadeirinha" de pequeno poder, generalistas que eram, incultos para lá dos Clássicos e da caligrafia, indiferentes ou ignaros do gosto pela astronomia que Qianlong alimentava. Muitos deles, pertencentes já aos graus que lhes permitiam frequentar a corte dos Ming, detestaram a presença de Matteo Ricci e, mais tarde, com os Qing, foi Castiglione o alvo, porque ambos eram diferentes, cultos e porque lhes podiam fazer sombra.
Curiosamente, Qianlong gostava de conversar e ouvir Matteo Ricci, o que era causa de considerável desconforto naquele grupo anquilosado, que tradicionalmente cultivava o servilismo, cumprindo farisaicamente os Ritos, além do cuidado com os seusguanxi.
Tais práticas, contrárias à definição confucionista de Homem Superior, iriam necessariamente conduzir ao desgoverno do Império do Meio, tal a confusão que reinou por debaixo do manto da Paz e Harmonia. O exército tornou-se obsoleto, e a própria Cixi, imperatriz Regente, usou caprichosamente o orçamento da marinha para construir o Yihe Yuan, o Palácio de Verão, com o seu famoso barco de mármore.
Tempos de decadência, esses, em que a Regente insistia em ignorar que o seu povo estava minado pelo estupefaciente vendido pelos bárbaros e que teve, como consequência, a cedência de território após duas humilhantes Guerras do Ópio.
As ideias republicanas do Ocidente, trazidas por Sun Yat Seng, agitaram as águas dos patriotas e propiciaram à inevitável queda dos Qing, para que uma outra estrutura se pudesse erguer e, dando lugar à longa marcha, finalmente, fazendo recuperar o orgulho, a riqueza e o prestígio da nação, hoje aberta como no tempo do Renascimento Tang (618 - 907), quando estudantes de Confúcio, oriundos da Coreia e do Japão puderam, eles também, ser funcionários em Chang An.
Sempre que vícios antigos, casados com a ignorância – esse não saber que não se sabe –ressurgem, a tentação dos que cuidam das suas cadeirinhas e dos seus pequeninos poderes, sem conhecimentos tanto dos velhos Clássicos como do pensamento contemporâneo, é a de vestirem os mantos da conveniência para ocultar insuficiências.
Hoje sabe-se quão anacrónico é o mandarinato e sua bafienta burocracia, aliada da velha máxima "se nada fizeres, nenhum mal te acontecerá", causadores do enfraquecimento do país.
E no entanto, ignorando-os, a terra gira, o mundo pula e avança, e tudo acontece sem que, no seu pequeno mundo, dêem sequer por isso.
Aprendida a lição do Passado, é imperativo que, sem guanxis, seja o mérito, a competência e a eficiência a presidirem ao Presente.
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