que tipo de linguagem artística pode ser classificada a obra "cabeça de touro" de, Pablo Picasso???
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Resposta:
Explicação:
Quando Picasso fez uma cabeça de touro soldando o guidom e o banco de uma bicicleta velha, em 1943, recriou artisticamente objetos industrializados, acrescentando-lhes valor estético. Como boa parte da arte moderna, o objeto assim criado tinha uma relação direta com o capitalismo industrial que determinava o contexto da época: se o touro era um símbolo da Espanha, o selim e o guidom funcionavam como símbolos da indústria. (Picasso, aliás, imaginou a seguinte hipótese: se ele jogasse fora a obra, um trabalhador que a encontrasse na rua poderia ter a idéia de fazer com ela... um selim e um guidom, invertendo assim o processo criativo, "re-deslocando" suas peças).
Agora vejam só: Picasso tirou o couro que envolvia o selim, couro que foi tirado de um touro: um touro morreu para qua a indústria fabricasse o selim, uma bicicleta morreu para Picasso criar uma cabeça de touro: animal e objeto trocam de papéis, conservando o que têm em comum: o chifre/selim por meio do qual são controlados pelo ciclista/toureiro. Além de manter um caráter de unicidade e autenticidade, valores hoje desprezados, a obra de arte se desd-obra em múltiplos significados, nada casuais, produzidos pela associação entre dois objetos triviais que, em si, não tinham siginificado estético nenhum - num gesto que é imediatamente compreendido e fruído pelo espectador, mesmo que ele não saiba o que é uma assemblage.
Hoje a equação moderna da Cabeça de Touro parece invertida: o artista busca nas novas tecnologias um coeficiente de arte que ele não consegue mais produzir com a sua mão e a sua criatividade. A arte está fora dele, e ser artista passou a ser uma questão de descobrir que forma de reelaboração de coisas passadas - ainda que camuflada de novas pela incorporação de recusos tecnológicos (estes sim, efetivamente novos)- pode ser bem recebida pelo mercado. Naturalmente, a fruição da obra pelo espectador é secundária no processo: a relação relevante é a do artista com a rede que o legitima, não mais a do artista com seu público.