Que mentiras estão sendo ditas sobre a Amazônia?
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Resposta:Incêndios florestais ocorrem todos os anos nos mesmos lugares e em momentos determinados. A Califórnia, na costa oeste dos Estados Unidos, sofre com as consequências do fogo. Portugal, nos últimos tempos, encontra dificuldades para enfrentar no seu verão o calor das chamas. E todo o centro-oeste brasileiro, na época da seca, arde em brasas, enquanto as cidades são envolvidas por fumaça pesada que prejudica a saúde de seus habitantes. Até o trânsito de aviões nestas áreas fica prejudicado. Nada disso é novidade.
Novidade é o presidente Emmanuel Macron, da França, propor que o incêndio na Amazônia entre na pauta de debates do próximo encontro do G7, grupo dos países mais ricos do mundo. As queimadas na Amazônia subitamente se tornaram assunto internacional. Os governos da Alemanha e da Noruega não estão felizes com as declarações do presidente Jair Bolsonaro. Sua retórica agressiva constrange a todos. Recentemente, ele deixou de receber um ministro francês para cortar cabelo. O resultado desta postura produziu fato novo: a Amazônia foi afinal internacionalizada.
A internacionalização da Amazônia é temida pelos militares brasileiros. A guerrilha do Araguaia, que ocorreu no sul do Pará nos anos setenta, teve consequências paralelas. Chamou atenção do mundo para uma guerra em plena selva. E naquela época, soldados norte-americanos estavam lutando no Vietnã em cenário de floresta tropical muito semelhante ao da Amazônia. O perigo da internacionalização do conflito levou os militares a aumentar a vigilância e a criar em Manaus o Centro de Instrução de Guerra na Selva, unidade especialmente dedicada a solucionar algum hipotético conflito militar na região.
Os principais jornais europeus trataram nesta semana os incêndios na Amazônia como algo perto do fim do mundo. Quando as chuvas chegarem o tema sairá de moda, os incêndios desaparecerão e a vida na selva vai se regenerar. Mas os brasileiros não definiram a política para preservar, conquistar e manter mais da metade do território nacional. A rodovia entre Porto Velho e Manaus foi aberta, construída, inaugurada em 1976 e depois abandonada. A BR 319 precisa ser refeita. Organizações não governamentais não gostam do projeto por causa do desmatamento. Os proprietários das empresas de navegação gostam menos ainda. Elas ganham rios de dinheiro no transporte mercadorias de e para Manaus, a única capital brasileira não acessível por via terrestre, apesar de ser a sede da Zona Franca.
As dificuldades em lidar com a pujança amazônica vêm desde os primeiros tempos de Brasil. No período da colônia, a Amazônia se conectava diretamente com Portugal. Os brasileiros do sul e do nordeste não tinham nenhuma ligação com o pessoal de Belém, Manaus e Santarém. Aliás, os portugueses demarcaram muito bem o território amazônico. Há construções militares em pontos estratégicos. Basta lembrar o magnífico Forte Príncipe da Beira, em Rondônia, nas margens do rio Guaporé. Construído no século 18, com componentes levados de Lisboa. Marca a divisão com a Bolívia. E até hoje está lá.
Depois da independência, a Amazônia passou a constituir território brasileiro. A enorme área ficou esquecida por séculos. Foi redescoberta no período de ouro da borracha, que terminou quando os ingleses contrabandearam sementes de seringueira para a Malásia. Até Henry Ford se aventurou na Amazônia, nas margens do rio Tapajós, onde construiu a Fordlândia, nos anos vinte, século passado. O governo do Pará concedeu a gleba de um milhão de hectares. A empresa norte-americana foi autorizada a fazer qualquer tipo de exploração na área. Além da borracha. Não deu certo. Os restos da cidade estão lá até hoje.
O marechal Rondon, que andou pela região no início do século vinte, detestava as missões salesianas. Ele as acusava de tomar a terra indígena em nome de Deus e alfabetizar os nativos em italiano. Há índios falando inglês, francês e alemão na Amazônia. Algumas das grandes reservas indígenas, imaginadas por Rondon, estão situadas sobre reservas minerais de grande valor. A ação dos garimpeiros ilegais é autoexplicativa. Há muito ouro na região. E outros minérios.
Os incêndios na época da seca podem decorrer de combustão espontânea, da ação dos índios – que há séculos promovem queimadas – de fazendeiros ou grileiros. Essa profusão de interesses contraditórios abre espaço para que o governo defina sua política de preservação da Amazônia e dos brasileiros que vivem naquela região. Está na hora de decidir. E não de provocar.
Explicação: Eu sei que o texto é um pouco longo, mas tenho certeza que se você ler ele vai perder todas as suas dúvidas sobre o assunto! Espero ter ajudado, qualquer dúvida só me chamar ;)