Artes, perguntado por solsilva3212222, 3 meses atrás

Quando surgiram os primeiros experimentos entre dança e vídeo??​

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Respondido por dandaraekbohn
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Resposta:

A videodança é um produto híbrido realizado com a mistura entre o audiovisual e a dança e tem como principal elemento o movimento. É diferente do mero registro documental de um espetáculo porque pressupõe uma adaptação do que é captado do palco para a linguagem televisiva ou a criação de danças concebidas especialmente para a projeção na tela. Isso significa que os movimentos da câmera – travellings, panorâmicas, zoom in, zoom out –, assim como a escolha dos planos, a montagem e a edição das cenas são tão importantes para o resultado final quanto os movimentos capturados pelas lentes. Com isso, o vídeo deixa de ser apenas meio para se transformar em um “sistema de expressão”, conforme descreve o pesquisador Arlindo Machado (1949). Apesar de adotar o termo “vídeo” em sua nomenclatura, a videodança pode ser produzida tanto no meio eletrônico e digital quanto em película cinematográfica.

O marco inaugural da videoarte é um filme realizado em 1965 pelo coreano naturalizado americano Nam June Paik (1932-2006), em Nova York, no qual ele registra com uma câmera, de dentro de um táxi na Quinta Avenida a comitiva papal em visita à cidade. O filme é exibido como obra artística na mesma cidade e sua realização só é possível devido ao surgimento da câmera de vídeo portátil e da fita magnética. A mobilidade conquistada com essas então novidades tecnológicas permite não só o registro de uma grande variedade de cenas externas, mas também possibilita que a imagem gravada seja reproduzida instantaneamente, sem a necessidade da revelação do filme em película, provocando uma revolução no formato de registro de movimento.

Nos anos 1970, os Estados Unidos assistem à popularização dos videocassetes, que tornam mais fáceis e baratas a reprodução, a gravação e a edição de vídeos, fazendo com que artistas de vanguarda se interessem pelo meio como uma forma de desenvolvimento de suas linguagens, dando fôlego à videoarte. Não se sabe ao certo quando nem como a videodança foi assim batizada. Uma hipótese é de que o termo tenha sido cunhado em 1982 com um festival anual de exibição de filmes de dança no Centro Georges Pompidou, na França. Há ainda registros de que o batismo tenha ocorrido também nos anos 1980 pelo programa inglês de televisão Channel 4, que apresenta adaptações para a TV de espetáculos feitos para o teatro e passa a encomendar obras criadas especificamente para vídeo sob a alcunha de videodança.

Um dos primeiros coreógrafos a trabalhar com a nova possibilidade é o americano Merce Cunningham (1919-2009). A partir de 1974, ele estabelece uma parceria com o videomarker Charles Atlas (1958) que resulta na produção de obras batizadas por eles como media/dances [mídia/danças], feitas especialmente para a câmera a partir da combinação de dança, filme e vídeo. Entre os trabalhos produzidos estão Westbeth (1975) e Locale (1980). Mais tarde, Cunningham trabalha também com Nam June Paik, com quem faz Merce and Marcel (1976), e com Elliot Caplan (1953), com quem produz Beach Birds for Camera (1993).

No Brasil, a videoarte e a videodança têm seu início nos anos 1970 com o trabalho da coreógrafa e videomaker paulista Analivia Cordeiro (1954). Suas primeiras incursões no gênero datam de 1973, com a criação de M3x3, obra realizada exclusivamente para a câmera, resultante de uma parceria com a TV Cultura. A obra é produzida em vídeo e computador numa época em que aparelhos de videocassete ainda não eram comercializados no país. Apesar desse pioneirismo, a produção brasileira de videodança só decola a partir dos anos 1990. O primeiro evento a reunir obras do tipo no país, mesmo que apenas estrangeiras, é a Mostra Gradiente de Filmes de Dança, realizada em São Paulo, em 1992, que apresenta títulos arquivados da Cinémathèque de la Danse de Paris [Cinemateca de Dança de Paris] e da New York Public Library for the Performing Arts [Biblioteca Pública de Artes Cênicas de Nova York].

Em 2006, é lançado em São Paulo o projeto de criação do Acervo Mariposa, uma videoteca de dança cujo objetivo é reunir documentos audiovisuais de dança cedidos por seus criadores. Até abril de 2012, 25% do acervo catalogado é composto de videodanças. Em 2009, em parceria com a Bienal Internacional de Dança do Ceará e o Núcleo de Dança do Alpendre, acontece a estreia do Terceira Margem, primeiro programa de televisão destinado à videodança no país, que tem a exibição de dez programas de meia hora sobre o tema na TV O Povo, no Ceará. Em 2010, o Ministério da Cultura (MinC) lança o primeiro edital federal voltado ao financiamento da produção de projetos de videodança.

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