Qual ou quais concepções de história são aceitas na atualidade
Soluções para a tarefa
Em março de 2009 o professor de teoria da história da
Universidade Federal de Minas Gerais, José Carlos Reis, ministrou
na Universidade de Brasília a conferência !",
para a sessão de perguntas. Uma das questões foi realizada
pela doutoranda Ana Carolina Barbosa Pereira, cujas pesquisas
na graduação, mestrado e doutorado referem-se à teoria da
história. Para evitar reformulações indesejadas, transcrevi o trecho
gravado no qual há a pergunta e a resposta, respectivamente.
Doutoranda – Considerando que nas décadas de 70 e 80, no
esquecida, minha pergunta é: como a teoria da história vem sendo
tratada pós-89 no Brasil.
Palestrante – Mas ela não foi esquecida não, Carolina, ela era ligada
aos Annales e era ligada ao marxismo, e a questão do marxismo era
muito forte, e a dos Annales também era muito forte. Mas os Annales
sempre estimularam as questões empíricas, sempre recusaram
muito a questão epistemológica, porque era considerada uma
discussão vazia... E é um ponto de vista que se tornou vencedor aqui
no Brasil e há uma certa resistência aqui, na nossa comunidade de
historiadores, a questão teórica. E eu acho isso com uma implicação
enorme. É claro que eu não estou dizendo que todo mundo tem
de abandonar a história e ir fazer teoria da história. Estou dizendo
que é importante a contribuição da teoria da história para a prática
da história. Não dá para prestigiar um e desprestigiar o outro. Não
faz parte da discussão da teoria da história. Não dá para evitar.
Não se faz uma prática competente sem uma discussão da sua
História e Perspectivas, Uberlândia (46): 365-400, jan./jun. 2012
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atividade, de quem faz a ação, do historiador. A prática da história
resistência natural com a teoria da história; são poucas pessoas
que fazem [...] Qual é a função da teoria da história? Eu acho que
teoria da história só faz quem é inteligente, modéstia à parte [...]
Inteligente no sentido crítico, sabe e discute o que está fazendo...
Você tem que saber a resposta, você tem que legitimar o que você
fez, porque é uma construção, não é intuitiva... Só intuitiva. Então,
a teoria da história antes era mais praticada do que hoje. Hoje, há
uma radicalização maior na prática, na pesquisa concreta. Mas, eu
digo a vocês, uma pesquisa concreta sem discussão, perde muito
em qualidade. 3
A resposta do professor José Carlos Reis, sem dúvida,
poderia ser desdobrada em uma série de questões. No entanto,
vou me concentrar no que considero uma aparente divergência
entre a resposta do professor e a pergunta da doutoranda. Trata-se
de uma aparente divergência, pois, de fato, o professor responde
que não houve um relativo esquecimento da teoria da história nas
décadas de 1970 e 1980 no Brasil, ao passo que a doutoranda
afirma, por meio da pergunta que sim: há, portanto, uma
discordância de posições. Todavia, ela é apenas aparente, pois
da conferência na íntegra. Ana Carolina Pereira compreende que
houve um esquecimento da teoria porque está se referindo ao que
pode ser entendido como epistemologia da história; o professor
José C. Reis, por sua vez, tem um entendimento diferente, pois
se refere à teoria da história como uma “caixa de ferramentas”
que auxiliam os historiadores na construção, caracterização e
explicação do seu objeto de análise.