Sociologia, perguntado por anabeatrizavelino015, 5 meses atrás

Qual é o argumento que Florestan Fernandes apresenta em contraponto às ideias de Gilberto Freyre sobre a questão racial no Brasil?
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Respondido por brendadeslima
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Resposta

O sociólogo brasileiro Gilberto Freyre |3|, em Casa Grande e Senzala, parece ter sido o primeiro grande escritor a colaborar com a disseminação do mito da democracia racial no Brasil. Segundo o sociólogo brasileiro, a sociedade colonial brasileira começou a produzir uma miscigenação racial e uma espécie de relação harmoniosa entre negros escravizados, negros libertos e brancos.

Durante o início do século XX, em que a comunidade científica e alguns resquícios da antropologia evolucionista apresentavam teorias eugênicas de branqueamento da raça, como fator de evolução, Freyre caminha na contramão ao indicar que a miscigenação era o melhor caminho para a evolução social. Porém, a visão ingênua do pensador pernambucano deixou de considerar o estupro como a base da miscigenação e o sentimento de posse do senhor de engenho em cima de seus escravos e, principalmente, de suas escravas.

Para desmistificar o mito da democracia racial no Brasil, temos, notoriamente, o trabalho do sociólogo Florestan Fernandes, que era doutor em Sociologia pela USP, foi professor da mesma instituição na década de 1960 e um dos primeiros brasileiros a se dedicar ao estudo do racismo no Brasil por um viés sociológico, e do antropólogo Kabengele Munaga, congolês naturalizado no Brasil, Munaga é doutor em Antropologia pela USP, além de ter lecionado na mesma instituição.

Os estudos deles foram decisivos para acabar de vez com a ideia de que havia uma democracia racial no Brasil. Fernandes, em sua tese A integração do negro na sociedade de classes, afirma que

“[...] a democracia só será uma realidade quando houver, de fato, igualdade racial no Brasil e o negro não sofrer nenhuma espécie de discriminação, de preconceito, de estigmatização e segregação, seja em termos de classe, seja em termos de raça. Por isso, a luta de classes, para o negro, deve caminhar juntamente com a luta racial propriamente dita” |4|.

Isso indica que não há uma democracia racial no Brasil, já que as pessoas de pele negra não estão inseridas devidamente no mercado capitalista como as pessoas brancas estão. As origens dessa não inserção do negro na sociedade de classes encontram-se no cenário pós-abolição da escravatura, em que não foi oferecido à população negra liberta qualquer apoio educacional, financeiro e social, criando uma população marginalizada.

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