Filosofia, perguntado por thamiuchy, 1 ano atrás

Qual e a importância da razao na idade media?

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Respondido por mateushenrique51
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 O período da história humana ocidental conhecido como Idade Média compreende, numa metodologia cronológica didática, da queda do Império Romano do Ocidente à Renascença. É um período de mais de 1000 anos em que se consolidou muitos elementos da atual cultura ocidental. 

No século III, o império romano já não conseguia mais sustentar sua unidade. Enquanto isso o cristianismo abarcava cada vez mais adeptos fervorosos e crescia de maneira espantosa. Os povos que os romanos consideravam como bárbaros não só ameaçavam os limites do império como seu interior. Com constante proximidade que mantinha com das outras culturas, ocasionada pela vasta extensão do império, Roma estava decisivamente perdendo sua identidade cultural. Isso porque a medida que o império ia crescendo, a diversidade cultural que o compunha também crescia, fazendo com que o império romano, aos poucos, fosse perdendo sua identidade cultural. Ou seja, os romanos, a medida que iam conquistando, eram também conquistados. No núcleo, o império romano começava a formar uma identidade mais germânica. 

Nos seus momentos finais a diversidade cultural que abrangia o império romano em decadência era grande demais para sustentar uma unidade social. A economia romana estava em ruínas, a política completamente degenerada e com seu império falido ainda procurava sustentar luxúria. O mundo ocidental se desorganiza completamente sem a tutela romana, empobrece drasticamente e, com o tempo, acaba perdendo muito do conhecimento produzido pela Antigüidade. 

Com toda essa crise no império romano, a assimilação do ideal de solidariedade contida na fé cristã não é de se admirar. Não somente o povo estava adotando o novo deus cristão e seus ideais, como os governantes começavam a ver no cristianismo a saída para a profunda crise. Acreditavam que, trocariam o destino, segundo LeGoff (ibid., p. 21) “ao trocar os deuses tutelares, pelo Deus novo dos cristãos”. Foi o que o imperador Constantino I fez com a assinatura do Edito de Milão em 313, que proclamava o cristianismo como uma das religiões oficiais do império romano. Mas o cristianismo, sendo monoteísta, não admitia outras crenças e em pouco tempo, tomou conta do império romano. No governo de Teodósio I, ainda no século 4, a religião cristã tornava-se a religião única e oficial do império romano. 


A terminologia Medium Tempus (Idade Média) foi cunhada no século XIV por Petrarca e outros humanistas italianos e, posteriormente, a partir do século XVI, desenvolveu-se mais amplamente entre intelectuais alemães e franceses para designar um período que constituiria uma idade intermediária entre a Antigüidade e o futuro que estava à porta, a renascença. Claramente, apesar de já muito difundido e constantemente utilizado, o termo Idade Média carrega em si uma dose de preconceito e desconhecimento perante um magnífico período da história da humanidade. 

Considerada, durante muito tempo, e ainda hoje por muitos como um período de decadência cultural, intelectual e artística, conforme critica o historiador Christian Amalvi (2002, p. 539) “uma interminável noite que os raios de sol do século XVI enfim dissiparam”. A Idade Média está repleta desse tipo de preconceitos que o humanismo renascentista, o iluminismo e o racionalismo desenvolveram e que, a literatura, o cinema e uma grande quantidade de professores despreparados ajudaram a propagar. A Idade Média acaba sendo apresentada como um tempo obscuro, de escuridão, ignorância e barbárie, no qual o conhecimento da Antigüidade era escondido e mantido em completo segredo pela Igreja, que, aliada a nobreza se esforçava para manter a população na mais completa ignorância, a fim de mantê-la sob controle. Mesmo quando a historiografia atual desmistificou esses preconceitos e ilusões referentes à Idade Medieval, comprovando os absurdos acerca do que é dito sobre o período, eles ainda permanecem enraizados em nossa sociedade, aliado à, principalmente professores mal preparados, dispostos à, simplesmente reproduzir o que lhe foi passado. 

A Idade Média é um paradoxo, um constante diálogo entre a fé e a razão, entre a Antigüidade clássica e o cristianismo, entre a violência e a compaixão, entre a divindade e o homem. Procurando solucionar as questões que lhe eram postas através dos paradoxos que vivia, a Idade Média produziu uma grande quantidade, não só de produções intelectuais, mas de instituições culturais, sob as quais ainda dependemos. Foi o período medieval, se é que se pode chamá-lo assim, que produziu as instituições que apoiamos a criação intelectual e cultural do mundo contemporâneo, a escolas e a universidade.
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