Artes, perguntado por eduardapontes28, 9 meses atrás

qual a teorização do teatro jornal?​

Soluções para a tarefa

Respondido por MarciaCorrea41
2

Coisas de jornal no teatro, escrito pelo pesquisador Eduardo Campos Lima, consegue reunir a um só tempo o caráter informativo, necessário para a compreensão da forma Teatro Jornal, e uma análise que privilegia os saltos temporais, bem como as conexões históricas. Isso porque o autor não cai em armadilhas facilmente atrativas para os pesquisadores contemporâneos, a quem os prazos e as cobranças burocráticas da academia acabam formatando o estudo em produto capacitado para entrar na esteira de publicações A1.

A obra, resultado de um mestrado em estudos literários na Universidade de São Paulo, pelo contrário, apresenta um mosaico de reflexões e possui em sua própria configuração formal aberturas para outros tantos passos na direção investigativa de nosso teatro político, tão escamoteado pela hegemonia cultural. Sua estrutura orgânica, dividida em duas partes – estudo e entrevistas realizadas pelo autor –, não deixa de ser reveladora. As experiências com Teatro Jornal, principalmente no Brasil, só poderiam ser vislumbradas pela via memorialística e subjetiva, uma vez que a maior parte dos documentos se perderam pela ausência de condições materiais que os abrigassem e, até mesmo, pelo perigo de manter um material considerado subversivo naqueles anos de chumbo. Dessa forma, os relatos de dezenas de participantes do chamado Núcleo 2 do Teatro de Arena espelham o estudo de Eduardo Campos Lima, mas também parecem propor uma necessária investigação do mesmo objeto por outros ângulos. Talvez seja essa a prova da importância da obra, ou seja, a visualização das brechas na tessitura do próprio texto, as perguntas e inquietações que dele surgem.

Certamente Coisas de jornal no teatrodeslegitima toda uma corrente que insiste em reafirmar a posição extemporânea, passadista, formalmente precária e, às vezes, cafona do teatro político. Afinal, de acordo com alguns pensadores, não estaria a arte apartada, quase que transcendentalmente, do compromisso social? Nela, não haveria um plano superior capaz de atravessar questões de ordem contingencial para dissolver-se no tempo, tal como os clássicos? E como atingir o universalismo e a beleza estética através da tomada direta de posição frente ao mundo e a favor do proletariado?

Perguntas interessantes