História, perguntado por deborafernandaroccha, 10 meses atrás

qual a sua opinião sobre as disputas ideológicas e as fake news que ocorrem pelo mundo nesse período de pandemia​

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Respondido por VonClemente
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Resposta:

"Fake News" é somente um termo moderno para algo tão antigo quanto as primeiras civilizações humanas. Em minha humilde opinião, o apogeu dela ocorreu durante a revolução francesa, e trouxe consequências desastrosas e injustiças históricas que perduram no inconsciente coletivo até a atualidade.

Especificamente, por que dentro do contexto da Revolução Francesa? Analisemos... Durante todo o reinado de Louis XVI houve um afrouxamento total na liberdade de imprensa; algo totalmente impensável no tempo de seus antecessores. Já no início de seu reinado, membros da própria alta aristocracia (especialmente na pessoa do primo do rei, o Duque de Orleans, que desejava o trono para si) encomendavam panfletos obscenos, difamatórios, e desdenhoso sobre sua esposa, e até sobre si mesmo; os mesmos panfletos, algumas vezes, eram entregues nas ruas de Paris.

O pior (e maior) de todos os exemplos desse período vem através da célebre figura do jornalista e futuro deputado da assembleia; Jean Paul Marat, cujo periódico intitulado "Amigo do povo", que desde antes do início da revolução, e de forma atroz após seu início, utilizou eventos fictícios e acusações levianas para provocar uma atmosfera de pânico e ódio.

Abertamente (e sem que houvesse nenhuma interferência do poder real) Marat escrevia apologias criminosas e convenientes ao seu modo de pensar, que era disseminadao e vendido aos montes por toda a Paris daquele período. Em 1792, tendo pregado que o povo francês deveria "lavar as ruas da cidade com o sangue dos contra revolucionários e dos padres traidores, antes que esses estivessem livres para agir contra a soberania do povo", Marat contribuiu de forma significativa, segundo apontam alguns historiadores, para a disseminação de um clima de histeria e violência que culminou com o chamado "os massacres de setembro" de 1792, onde as prisões lotadas de pessoas comuns, "presos políticos em sua grande totalidade, e por acusações duvidosas", foram brutalmente assassinados, linchados, muitos tiveram seus corpos esquartejados, expostos em público de forma impúdica; O ódio e a cegueira eram tais, que as cabeças "dos inimigos da pátria" eram exibidas espetadas em chuços, enquanto a multidão desfilavam com elas em uma procissão nefasta; entre as vítimas, não houve nenhuma misericórdia a mulheres, crianças, jovens, idosos, padres, gestantes, ou quem quer que seja e em que condições estivesse; os rumores de que as prisões estavam infestadas de contra-revolucionários, e que logo estes seriam soltos, ou libertados, se os exércitos da Áustria e Prússia (na época, em guerra contra o governo revolucionário) chegassem até Paris, eram suficientes para desumanizar aqueles seres, e colocá-los em uma condição bestial.

Eis um exemplo do que a polarização e o conceito de "fake News" são capazes de fazer em uma sociedade vivendo tempos de crise.

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