Qual a relação entre sindicalismo e o toyotismo
Soluções para a tarefa
Resposta:
A terceirização é comumente associada ao modo toyotista de organização do trabalho, sendo apresentada como parte do plexo de novos conceitos que marcam a reestruturação produtiva e o trabalho flexível. Essa associação que se faz entre a terceirização e todo um novo vocabulário é, muitas vezes, carregada de um conteúdo de inevitabilidade e irreversibilidade (LORA, 2008), como se a terceirização fosse uma das consequências necessárias, ou umas das exigências inafastáveis, da naturalizada evolução do modo de produção capitalista.Para uma clara compreensão do fenômeno da terceirização, é muito valioso debruçar-se sobre um dos temas mais caros à sociologia do trabalho, qual seja, os sistemas de organização do trabalho. Talvez falte aos juristas, na difícil tarefa de preservar os Direitos contra as pressões do Mercado, um domínio destes jargões, que comumente são manuseados com grande desenvoltura por gestores públicos, administradores, empregadores e tomadores de serviço – quase que invariavelmente, a partir da perspectiva do crescimento econômico do empreendimento capitalista ao qual se vinculam. Este artigo procura, pois, analisar as principais características dos sistemas de organização do trabalho, destacando as mudanças que marcaram o surgimento do taylorismo, a evolução para o fordismo e a consolidação do toyotismo. O objetivo, nesse intento, é revelar os interesses subjacente às opções de política industrial dos diferentes sistemas de organização do trabalho, desmistificando, assim, a terceirização, como tendência irrecusável, em função dos prejuízos sofridos, nesse contexto, pela classe trabalhadora.
2. O TAYLORISMO
Duas importantes obras de Frederick Winslow Taylor (1856-1915) - Princípios da Administração Científica, cuja primeira publicação nos EUA data de 1911, e Shop management, publicado como artigo pela primeira vez em 1903 - demarcam o primeiro modelo sistematizado de organização do trabalho. O Taylorismo surgiu da constatação de que a capacidade produtiva de um trabalhador de experiência média era sempre maior que a sua produção “real” na empresa (PINTO, 2010, p. 25). A ideia fundamental era obter uma especialização de todas as atividades dentro da produção industrial, a partir da divisão técnica do trabalho.
Nochamado estudo do tempo taylorista, diferentes atividades são subdivididas ao extremo em tarefas tão simples quanto esboços de gestos, passando então a medir a duração de cada movimento com um cronômetro, e tendo como resultado a determinação do tempo “real” gasto para se realizar cada operação (PINTO, 2010, p. 23-24). Assim, partindo de um estudo experimental com base nos conhecimentos tradicionais e habilidades do trabalhador mais experiente da fábrica, padroniza-se as “melhores maneiras” (the one best way) de executar cada atividade de trabalho, as quais serão repassadas aos demais trabalhadores como normas de execução (TAYLOR, 1970, p. 108). Na posse desses resultados, as gerências estariam, portanto, possibilitadas a exigir de qualquer trabalhador o cumprimento da “quantidade ideal” de trabalho diárioO argumento taylorista aponta para a redução da quantidade de operações desnecessárias, do tempo de execução das demais, dos gastos de energia física e mental dos trabalhadores, da ociosidade dos equipamentos, dos intervalos entre uma operação e outra.
Na perspectiva do trabalho humano, contudo, o que se observa no advento do taylorismo é um verdadeiro processo de “apropriação do conhecimento dos trabalhadores” (TAYLOR, 1970, p. 49-50), no qual as preocupações de padronização estiveram voltadas para a “intensificação do ritmo de trabalho”. Assim, além de propiciar o aumento da extração de mais valia dos trabalhadores (FLEURY; VARGARS, 1983, p. 17-37), o toyotismo privou os trabalhadores da compreensão do processo de produção como um todo. O que distingue, portanto, o sistema taylorista dos seus precedentes – o trabalho artesanal das corporações de ofício do período pre capitalista – é o fato de que a análise e planejamento do trabalho ficam, após sua implementação, a cargo da administração da empresa, e somente dela (PINTO, 2010, p. 25).
Essa inversão de responsabilidade e poder de decisão na condução do trabalho significa a fragilização da classe trabalhadora. A definição explícita e formalmente rígida do limite das funções reduz sensivelmente a necessidade de aprendizagem dos trabalhadores (PINTO, 2010, p. 25). Tem-se, deste modo, trabalhadores fácil e rapidamente substituíveis, pois no taylorismo suas qualificações são simples, predefinidas e estáticas, permitindo o emprego de mão de obra relativamente barata mesmo em atividades complexas.
Explicação: