Geografia, perguntado por spedrogentique440, 10 meses atrás

Qual a razão para a existência de tantos conflitos na região do Sudão?

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Respondido por albertosdacosta
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Resposta:Os conflitos que se têm desenvolvido no Sudão, inserem-se na categoria de conflito persistente, pela sua dura­ção prolongada e pelos motivos que lhe têm estado subjacentes, que radicam, essencialmente, em questões de reconhecimento mútuo.

 

O Sudão situa-se numa região onde se assiste a grandes convulsões e violên­cias, por variadas razões. Incluimos nesta região o Chade, a Repúbli­ca De­mo­crá­ti­ca do Congo, o Uganda, o Ruanda, a Eritreia, a Etiópia, a So­má­­lia, onde existem problemas resultantes de conflitos e de carências básicas.

 

De facto, tem sido nestes países que as consequências dos conflitos, e tam­bém dos fenómenos naturais, se têm feito sentir, de forma dramática, ten­­do provocado, entre outros efeitos de natureza econó­mi­ca associados à so­­bre­­vivência, os maiores deslocamentos de populações dos tempos actuais, com to­das as questões humanitárias que lhes estão associadas.

 

Por esta última razão, e também pelo envolvimento da comunidade interna­cio­­­nal, principalmente através das Nações Unidas, da União Europeia, da União Africana e dos Es­ta­­dos Unidos da América, e pelos ape­los para uma intervenção mais activa da OTAN, para além de outras questões de seguran­ça que decorrem da situa­ção, por força do factor geoestratégico, é de grande interesse pro­cu­rar­mos com­pre­­en­der esta realidade. Daí a justifica­ção para este exercício.

 

Darfur é neste contexto o nome que actualmente é mais publicitado pela co­mu­nicação social, fa­zen­do-se eco das declarações, das posições e das acções to­ma­das pela comunidade internacional, principalmente, no âmbito das Na­ções Uni­das e da União Europeia.

 

Interessa pois começar o presente texto pela descrição breve da situação real deste conflito, para a seguir procurar o seu enquadramento num con­tex­to mais vasto, no próprio Sudão e na região onde está inserido.

 

 

A questão do Darfur

 

Darfur é uma região do Sudão com cerca de quinhentos mil quilómetros qua­dra­­dos, com um comprimento máximo da ordem dos mil e duzentos quilómetros e uma largura máxima de cerca de quinhentos quilómetros, com uma população da ordem dos seis milhões de pessoas.

 

Darfur, que é um pouco mais pequena que a França, faz fronteira com a Lí­bia, com o Chade e com a Repúbli­ca Centro-Africana.

 

A região que constitui um planalto árido, deserto arenoso a norte e floresta de arbusto a sul, é pobre, com agricultura de subsistência, produzindo cere­ais, fruta, tabaco e gado, essencialmente.

 

Alguns analistas consideram no entanto que, com excepção da zona desérti­ca, existem muitas potencialida­des na agricultura, dado que existe água sufi­ci­ente e os terrenos são de quali­da­de razoável; existem muitas bar­ra­gens de ir­ri­ga­ção que estão parcialmente destruidas e não existem apoios para a capta­­­­ção de água do subsolo, que existe em suficiência. Na década de no­ven­ta, por exemplo, a produção de gado no Darfur rendeu cerca de 500 mil­hões de dólares por ano.

 

A partir de 1999 começaram os trabalhos que permitiriam a exploração de pe­tró­leo no sul do Sudão, de acordo com as prospecções iniciadas cerca de trinta anos antes. A conclusão do pipeline que liga os principais poços do sul ao Mar Vermelho, junto a Porto Sudão veio possibilitar a exploração e a expor­ta­ção.

 

Na região do Darfur, numa pequena parte do território no sul foram atribui­das uma ou duas zonas de concessão do bloco seis, que se alastra para outra região do Sudão, e que está a ser explorado por uma companhia chi­nesa.

 

Darfur é a terra dos Fur, ou fourrás, tribos africanas sedentárias, vivendo da agri­cul­tura de subsistência, que lhe terão dado o nome. Mas existem ainda ou­tras tribos africanas igualmente sedentárias como por exemplo os Masali­tes e os Zaghawa.

 

Para além destes povos, existem aqui igualmente os “ba­gga­ra”, be­­dui­nos, nó­ma­das, vivendo fundamentalmente da pastorícia. Algumas destas etnias pro­longam-se no vizinho Chade.

 

Os povos assumem algumas diferenças, embora possa ser difícil a um es­tran­geiro, apenas pela aparência, notar essas diferenças, pelo menos nalgu­mas áreas.

 

O que é um facto é que se assumem como diferentes. A dife­ren­ça mais notória entre estes povos é o seu estilo de vida, uns agarrados ao direito de pro­prie­dade da terra, outros reivindicando o direito universal à pasta­gem do ga­do - inicialmente esta diferença teria sido a essencial para justificar o con­flito, contudo, com o tempo foram-se apelando para outras, de natu­reza étni­ca, religiosa e política. É importante notar ainda a circunstância de se falarem doze dia­lectos diferentes, neste mo­sai­co étnico.

Explicação:

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