Qual a razão para a existência de tantos conflitos na região do Sudão?
Soluções para a tarefa
Resposta:Os conflitos que se têm desenvolvido no Sudão, inserem-se na categoria de conflito persistente, pela sua duração prolongada e pelos motivos que lhe têm estado subjacentes, que radicam, essencialmente, em questões de reconhecimento mútuo.
O Sudão situa-se numa região onde se assiste a grandes convulsões e violências, por variadas razões. Incluimos nesta região o Chade, a República Democrática do Congo, o Uganda, o Ruanda, a Eritreia, a Etiópia, a Somália, onde existem problemas resultantes de conflitos e de carências básicas.
De facto, tem sido nestes países que as consequências dos conflitos, e também dos fenómenos naturais, se têm feito sentir, de forma dramática, tendo provocado, entre outros efeitos de natureza económica associados à sobrevivência, os maiores deslocamentos de populações dos tempos actuais, com todas as questões humanitárias que lhes estão associadas.
Por esta última razão, e também pelo envolvimento da comunidade internacional, principalmente através das Nações Unidas, da União Europeia, da União Africana e dos Estados Unidos da América, e pelos apelos para uma intervenção mais activa da OTAN, para além de outras questões de segurança que decorrem da situação, por força do factor geoestratégico, é de grande interesse procurarmos compreender esta realidade. Daí a justificação para este exercício.
Darfur é neste contexto o nome que actualmente é mais publicitado pela comunicação social, fazendo-se eco das declarações, das posições e das acções tomadas pela comunidade internacional, principalmente, no âmbito das Nações Unidas e da União Europeia.
Interessa pois começar o presente texto pela descrição breve da situação real deste conflito, para a seguir procurar o seu enquadramento num contexto mais vasto, no próprio Sudão e na região onde está inserido.
A questão do Darfur
Darfur é uma região do Sudão com cerca de quinhentos mil quilómetros quadrados, com um comprimento máximo da ordem dos mil e duzentos quilómetros e uma largura máxima de cerca de quinhentos quilómetros, com uma população da ordem dos seis milhões de pessoas.
Darfur, que é um pouco mais pequena que a França, faz fronteira com a Líbia, com o Chade e com a República Centro-Africana.
A região que constitui um planalto árido, deserto arenoso a norte e floresta de arbusto a sul, é pobre, com agricultura de subsistência, produzindo cereais, fruta, tabaco e gado, essencialmente.
Alguns analistas consideram no entanto que, com excepção da zona desértica, existem muitas potencialidades na agricultura, dado que existe água suficiente e os terrenos são de qualidade razoável; existem muitas barragens de irrigação que estão parcialmente destruidas e não existem apoios para a captação de água do subsolo, que existe em suficiência. Na década de noventa, por exemplo, a produção de gado no Darfur rendeu cerca de 500 milhões de dólares por ano.
A partir de 1999 começaram os trabalhos que permitiriam a exploração de petróleo no sul do Sudão, de acordo com as prospecções iniciadas cerca de trinta anos antes. A conclusão do pipeline que liga os principais poços do sul ao Mar Vermelho, junto a Porto Sudão veio possibilitar a exploração e a exportação.
Na região do Darfur, numa pequena parte do território no sul foram atribuidas uma ou duas zonas de concessão do bloco seis, que se alastra para outra região do Sudão, e que está a ser explorado por uma companhia chinesa.
Darfur é a terra dos Fur, ou fourrás, tribos africanas sedentárias, vivendo da agricultura de subsistência, que lhe terão dado o nome. Mas existem ainda outras tribos africanas igualmente sedentárias como por exemplo os Masalites e os Zaghawa.
Para além destes povos, existem aqui igualmente os “baggara”, beduinos, nómadas, vivendo fundamentalmente da pastorícia. Algumas destas etnias prolongam-se no vizinho Chade.
Os povos assumem algumas diferenças, embora possa ser difícil a um estrangeiro, apenas pela aparência, notar essas diferenças, pelo menos nalgumas áreas.
O que é um facto é que se assumem como diferentes. A diferença mais notória entre estes povos é o seu estilo de vida, uns agarrados ao direito de propriedade da terra, outros reivindicando o direito universal à pastagem do gado - inicialmente esta diferença teria sido a essencial para justificar o conflito, contudo, com o tempo foram-se apelando para outras, de natureza étnica, religiosa e política. É importante notar ainda a circunstância de se falarem doze dialectos diferentes, neste mosaico étnico.
Explicação: