qual a opinião da Santa inquisição sobre as gravuras de Goya?
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A Santa Inquisição hoje, sob a luz de Goya‘Se você der crédito às referências dos críticos, nacionais e estrangeiros, corre o risco de achar que Sombras de Goya, que estréia hoje, é um portentoso fracasso de Milos Forman. Prefira apostar no próprio currículo do artista. Forman já fez outros filmes que também foram recebidos a pancadas. Na Época do Ragtime teria sido outro de seus ‘fracassos’, mas é um dos maiores ataques de Hollywood ao racismo. Sombras de Goya pode surpreender com sua narrativa que se desenvolve muito mais em duas metades do que na clássica estruturas em três atos. Pode vir daí o desconcerto que provoca este filme tão radical sobre a ambivalência humana.
Forman gosta de definir Goya, o grande pintor espanhol do século 18, como o mais corajoso dos covardes e é assim que o retrata neste filme suntuoso. Tendo vivido sob dois regimes tão totalitários, o próprio Forman sabe dos compromissos que as pessoas muitas vezes têm de aceitar para sobreviver. Goya podia ser reservado na vida, mas foi corajoso na arte. Ele sabia que estava deixando um testemunho sobre seu tempo. No filme, o diretor mostra o desagrado (e o espanto) da rainha quando Goya descerra o véu e ela aparece como é, sem nenhuma idealização, naquele quadro. Goya fez gravuras de metal sobre os desastres da guerra, mas o trabalho só foi divulgado anos após sua morte. As ‘pinturas negras’ também não foram feitas para ser mostradas ao público da época, mas ocupavam as paredes de seu ateliê. Só isso já faz dele um personagem extraordinário, mas Forman confessa que não foi Goya quem o atraiu em primeiro lugar.
Há muito, ele queria fazer um filme sobre a Inquisição espanhola, a Santa inquisição. Ainda garoto, aos 17, 18 anos, Forman, então um jovem idealista na Checoslováquia, leu um livro sobre a Inquisição que lhe pareceu estranhamente próximo do que ocorria ao seu redor, sob o comunismo. As pessoas contrárias ao regime desapareciam e depois admitiam seus erros revolucionários, sendo muitas vezes presas ou executadas. Suspeitava-se, já, naquela época, que as confissões fossem obtidas por meio da tortura. A Inquisição, Forman reflete hoje em dia, não era muito diferente dos totalitarismos sob os quais viveu, o nazismo e o comunismo.
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